Histórico

Casa Branca reconhece divergências com Powell sobre Iraque

Powell afirmou que o país vive uma guerra civil e que situação não deve melhorar

A Casa Branca reconheceu na segunda-feira que tem suas divergências sobre a Guerra do Iraque com o ex-secretário de Estado Colin Powell, que afirmou que a situação iraquiana “é grave e está se deteriorando”.

“O Iraque vive uma guerra civil e nada indica que a situação vá melhorar”, disse Powell no domingo no programa Face the Nation, da rede de televisão CBS.

Na entrevista coletiva diária na Casa Branca, o porta-voz Tony Snow disse na segunda-feira que Powell mantém uma série de desacordos “sobre o que chama de segunda e terceira fases da guerra, mas em muitas coisas concorda basicamente com o presidente”.

Para Powell a intervenção no Iraque teve três fases. “Na primeira, a marcha para Bagdá, as coisas foram muito bem. Mas depois vieram a desordem, a falta de autoridade. Os EUA, como potência ocupante, tinham a responsabilidade do governo, mas não entraram com as tropas suficientes para a tarefa”, analisou.

A terceira fase, segundo Powell, começou com a destruição, em fevereiro, da mesquita al-Askari, em Samarra, um santuário para os muçulmanos xiitas que formam a maioria da população no Iraque.

Snow também disse que a Casa Branca respeita Powell e que o ex-secretário de Estado “deve desempenhar um papel importante no debate”. Ele considerou as opiniões do ex-secretário de Estado de “práticas” e “sensatas”.

Em suas declarações, o general da reserva se mostrou cético diante das propostas de enviar de 10 a 20 mil soldados a mais ao Iraque para ajudar a consolidar o governo do primeiro-ministro Nouri al-Maliki.

Atualmente, o Exército tem um contingente autorizado de 500 mil soldados, e a Infantaria da Marinha, mais 180 mil. “O Exército está quase à beira da quebra. Não tem equipamento suficiente, nem renovação. Não tem soldados suficientes para as suas tarefas. Nem o Exército nem a Marinha têm tropas suficientes para cumprir as missões”, afirmou Powell.

“Levar mais 10 ou 20 mil soldados ao Iraque não fará diferença por muito tempo. A vitória está nas mãos dos iraquianos, do governo do Iraque”, acrescentou.

A senadora Hillary Clinton condenou um aumento das tropas no Iraque. “Não sou partidária da proposta, a não ser que faça parte de um plano maior”, disse.

Bush tem ouvido as opiniões de especialistas e de vários departamentos do governo para anunciar após o Natal um novo plano para o Iraque e uma mudança de rumo.

Powell foi o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos Estados Unidos durante a primeira Guerra do Golfo em 1991, na administração do presidente George H.W. Bush (pai). Além disso, era secretário de Estado na época da invasão do Iraque, em março de 2003, já com George W. Bush na Presidência.

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