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Iraque alerta sobre guerra civil se EUA retirarem tropas

Estado de S.Paulo

´Podemos ver o país entrar em colapso´, diz ministro, que julga tropas necessárias
Líderes iraquianos advertiram nesta segunda-feira, 9, que uma retirada antecipada das tropas dos Estados Unidos pode levar o Iraque a uma guerra civil aberta, depois que o jornal New York Times ter informado que vem crescendo na Casa Branca o debate sobre uma retirada gradual das forças.

Os comentários aparecem depois de uma onda de explosões e tiroteios no fim de semana, que matou 250 pessoas no Iraque.

“Isso poderia produzir uma guerra civil, a partição do país e uma guerra regional. Podemos ver o país entrar em colapso”, disse o ministro do Exterior, Hoshiyar Zebari, que é curdo, em entrevista coletiva ao ser questionado sobre o artigo do New York Times.

O jornal, citando autoridades do governo e consultores, disse que eles temem que os últimos pilares de apoio político entre republicanos do Senado à nova estratégia do presidente, George W. Bush, para o Iraque estejam “caindo ao seu redor”.

Ele disse que está crescendo o debate sobre uma tentativa de Bush evitar mais fugas de republicanos anunciando intenções de uma retirada gradual de regiões com altos índices de vítimas.

Mais de 330 soldados norte-americanos foram mortos no Iraque entre abril e junho, tornando o trimestre o mais letal desde a invasão, em março de 2003. Ao todo, 3.606 soldados norte-americanos e dezenas de milhares de iraquianos morreram.

Forças necessárias
Autoridades iraquianas disseram que suas próprias forças de segurança não estão prontas e advertiram que uma retirada prematura de parte dos 157.000 soldados norte-americanos pode produzir um vácuo.

“Nós no Iraque acreditamos, não somente o governo, mas todos os partidos políticos, que a presença destas forças é necessária para prevenir o crescimento da violência e evitar que o país caia em uma guerra civil”, disse à Reuters Sadiq al-Rikabi, assessor do primeiro-ministro Nouri al-Maliki, que é xiita.

O vice-presidente sunita Tareq al-Hashemi disse à Reuters por telefone: “Eu ficaria muito feliz de ver o último soldados americano saindo hoje (…) Entendemos sua preocupação por não ver muito progresso político no Iraque. Mas o problema é: quem vai preencher o vácuo se estas forças saírem?”, questionou.

Hashemi repetiu seus comentários feitos no domingo de que os iraquianos têm o direito de pegar em armas para se defenderem, diante da violência que ameaça despedaçar o país.

Há algumas semanas, os EUA completaram o envio de 28.000 soldados para uma grande ação de segurança no Iraque.

Bush e seus assessores achavam que poderiam esperar para começar a falar sobre qualquer mudança de estratégia até 15 de setembro, quando o comandante norte-americano e o embaixador no Iraque deverão apresentar um relatório sobre o progresso de segurança e político no país, disse o jornal.

Mas o Senado prepara-se para começar nesta semana o que promete ser um duro debate sobre o futuro da guerra e o seu financiamento, segundo o jornal.

O governo precisa entregar ao Congresso um relatório interino sobre o Iraque até 15 de julho.

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