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Maconha pode aumentar risco de psicose, diz estudo

da BBC Brasil

Usuários de maconha e derivados têm um risco 40% maior de sofrer de algum tipo de psicose – como esquizofrenia – do que não usuários, segundo especialistas britânicos.

Em um artigo na revista científica “The Lancet”, uma equipe das Universidades de Bristol e Cardiff liderada por Stanley Zammit afirmou que os jovens precisam ser conscientizados dos riscos.

No artigo, os especialistas britânicos também afirmam que até 800 casos de esquizofrenia registrados anualmente no Reino Unido, podem ser ligados ao uso de maconha.

Os pesquisadores analisaram 35 estudos sobre a relação da droga com saúde mental.

Eles perceberam que aqueles que usavam maconha com mais freqüência apresentavam risco duas vezes maior de desenvolver sintomas psicóticos como alucinações.

Mas, segundo os especialistas, a ligação entre o consumo da droga e a depressão ou ansiedade está menos clara.

Os autores da pesquisa afirmam que o risco para qualquer pessoa de desenvolver esquizofrenia permanece geralmente baixo, mas pelo fato de o uso de maconha ser tão comum, eles estimaram que isso possa ser um fator em 14% dos problemas ligados à psicose em jovens adultos o Reino Unido.

Mas eles afirmam que não podem descartar a possibilidade de que as pessoas que têm um risco maior de sofrer de doenças mentais terão maior probabilidade de usar a droga.

“É possível que as pessoas que usam maconha tenham outras características que já aumentam o risco de psicoses. Entretanto, todos os estudos indicaram uma associação e parece apropriado alertar o público a respeito do possível risco”, disse Glyn Lewis, professor de psiquiatria.

Lewis afirma que aconselharia o fim do uso da droga particularmente para os usuários que já estão desenvolvendo problemas de saúde mental ou que têm histórico familiar de doenças psicóticas.

Em um editorial da mesma revista “The Lancet”, pesquisadores dinamarqueses afirmaram que números apresentados no estudo podem ser aplicados em cerca de 800 casos potencialmente evitáveis de esquizofrenia por ano no Reino Unido entre pessoas de 15 a 34 anos.

“Os estudos analisados foram feitos nos anos 70, 80 e 90”, disse o professor de psiquiatria no Instituto de Psiquiatria de Londres, Robin Murray.

“Uma das questões que eles não analisaram é se o risco aumenta com as formas mais concentradas da maconha, como o skunk, que agora estão mais disponíveis”, acrescentou.

O professor Leslie Iverson, da Universidade de Oxford, disse por sua vez que ainda não existem provas conclusivas de que o uso de maconha causa psicoses.

“A previsão deles – de que 14% dos resultados psicóticos em jovens adultos no reino Unido podem ser creditados ao uso de maconha –não tem sustentação, pois a incidência de esquizofrenia não mostrou nenhuma mudança significativa nos últimos 30 anos”, afirmou.

Já o professor David Nutt, chefe do setor de psicofarmacologia da Universidade de Bristol, disse que a maconha, inquestionavelmente, causa danos. Mas ressaltou que ela vicia menos e é menos maléfica do que álcool ou fumo.

“A idéia de que a reclassificação para cima (da maconha feita pelo governo no Reino Unido) vai reduzir de alguma forma a psicose é ingênua e corre-se o risco de, perversamente, impor um sofrimento ainda maior –ao aumentar as punições criminais– a pessoas vulneráveis que já estão sofrendo com doenças mentais”, disse.

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