Cientistas brasileiros estão desenvolvendo um medicamento inovador que promete transformar o tratamento de lesões medulares, condição que até hoje apresenta prognóstico limitado e poucas possibilidades de recuperação motora completa. Batizado de Polilaminina, o fármaco é fruto de uma pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenada pela professora Tatiana Coelho de Sampaio.
Segundo especialistas envolvidos no estudo, trata-se de uma inovação sem precedentes, com potencial de restaurar movimentos em pacientes tetraplégicos e paraplégicos. O tratamento experimental consiste na aplicação direta da polilaminina no local da lesão, combinada com fisioterapia especializada. De acordo com a equipe da UFRJ, a abordagem visa estimular a recuperação motora e sensorial, permitindo que os pacientes reconquistem movimentos e funções perdidas após a lesão. O medicamento é derivado da proteína laminina, naturalmente presente no corpo humano, principalmente na placenta. A proteína desempenha papel estrutural e funcional no sistema nervoso, promovendo suporte às células nervosas e facilitando sua regeneração.
Pesquisas realizadas em humanos demonstraram efeitos significativos, como melhorias nas funções motoras finas, sensibilidade tátil e controle de órgãos internos, como a bexiga. Em lesões completas, a taxa média de recuperação parcial de movimentos sem tratamento é de aproximadamente 15%. Entre os pacientes tratados com polilaminina, os índices preliminares chegaram a 75%. Apesar do otimismo, o tratamento ainda está em fase experimental, e não há publicações completas em revistas científicas detalhando todos os resultados. Após a aprovação pela Anvisa, a próxima fase do estudo englobará cerca de cinco pacientes em hospitais de referência em São Paulo.
