Marcus Coltro

Músicas

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No filme O Panaca com o Steve Martin, ele só descobre que é adotado aos quarenta anos de idade, mas sempre estranhou o fato de não ter o ritmo de seus pais–que eram negros…. Eu adoro batucar mas não tenho ritmo algum, não sei dançar (e detesto que insistam para que eu dance), não sei nome de nenhuma de música e nem de cantor. Mas gosto de ouvir música no carro, especialmente rock.

A falta de aptidão musical é algo hereditário minha família, ninguém sabe tocar porcaria nenhuma entre meus irmãos e primos – só campainha e olhe lá. As gerações seguintes aparentemente vieram com esse “chip” faltante na nossa. Minha filha memoriza músicas só de ouvir uma ou duas vezes, sendo que eu não sei de cor nem Atirei o Pau no Gato. Oohhh… coitado do gato, vou chamar a Sociedade Protetora dos Gatos para prender a Dona Chica!

Na casa de meus pais ninguém ouvia música com muita frequência, no máximo a empregada ouvia baixinho em seu radinho, porque meu pai detestava barulho. Nós tínhamos uma vitrola (é um treco que você coloca um CDezão de plástico preto para girar sob uma agulha que faz sair sons) mas raramente ligávamos. Falando nisso, detesto recordar que meus tios me deram centenas de discos quando se mudaram, e o endiabrado aqui descobriu que eles voavam como frisbee e se espatifavam legal na parede.

Comecei a curtir mais música depois que comprei meu carro, mas o FM era um lixo e odiava fitas pois sempre enroscavam na tranqueira do toca-fitas (vou parar por aqui ou esse texto começará a cheirar a naftalina). Quando lançaram os CDs foi a melhor coisa do mundo, cabiam mais faixas e diziam que durariam o resto da vida (mentirosos).

Devido à minha completa ignorância musical, tento descobrir o nome das músicas que ouço no rádio (seria tão bom se os DJs só falassem o nome das músicas ao invés de bancar os engraçadinhos, não?) e vou atrás para comprar o CD ou individualmente na Amazon (eu pago, não pego nada de graça na internet). Aí gravo em um CD, em um cartão de memória ou no meu celular, já que no meu carro dá para tocar pelo bluetooth. Devo ter umas duzentas ou trezentas músicas em MP3, ridiculamente muito menos do que minha filha tem em seu celular. Ou seja, ouço um bilhão de vezes a mesma coisa! Sempre digo que não tenho música no carro, tenho trilha sonora.

Uma vez pedi para um funcionário que gostava de rock para me gravar um CD com algumas bandas diferentes, só que ele gostava daquelas barulhentas onde mal se ouve os instrumentos e os caras parecem ter ataque epilético no palco. Se eu encontrasse os integrantes à noite na rua, não saberia se chamaria a polícia, o hospício, um exorcista ou o Fox Mulder.

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