Entidades que representam a comunidade brasileira nos Estados Unidos encaminharam uma carta ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, denunciando violações de direitos humanos contra imigrantes, em meio a relatos de detenções sem mandados judiciais e uso de algemas em crianças. O documento é assinado por grupos como o Brazilian Worker Center, Grupo Mulher Brasileira, Brazilian American Center, Instituto Diáspora Brasil, Brazilian Resources Center, Source Hub, New England Community Center, Florida Immigrant Coalition, além dos deputados brasileiros em Massachusetts: Priscila Sousa, Rita A. Mendes e Danillo A. Senna.
As instituições alegam que agentes mascarados têm prendido brasileiros sem mandado judicial, e que esses casos só aparecem no sistema de custódia do ICE. Além disso, muitos imigrantes são enviados para centros de detenção em outros estados, o que dificulta o acesso a apoio jurídico e humanitário.
“Nas últimas semanas, aumentaram também os casos de violência e da chamada ‘tortura branca’: pessoas algemadas são colocadas em vans por até 12 horas, sem saber para onde estão sendo levadas, com alimentação, água e cuidados básicos racionados. Há ainda relatos de crianças sendo algemadas”, aponta a carta.
As entidades denunciam, ainda, casos de intimidação por parte de agentes imigratórios, que estacionam viaturas em frente a igrejas, centros comunitários e comércios brasileiros, criando um clima de medo e levando muitas pessoas a evitarem sair de casa.
De acordo com as organizações, a comunidade brasileira nos Estados Unidos já ultrapassa dois milhões de pessoas, das quais cerca de 57% estão em situação imigratória vulnerável, como visto temporário ou fora de status. Diante do que classificam como uma “crise humanitária”, elas solicitam que o governo brasileiro amplie a capacidade consular, especialmente para a emissão de documentos essenciais e a oferta de assistência emergencial às famílias que desejam retornar ao Brasil.