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Terceiro avião com brasileiros deportados dos EUA chega a Minas Gerais

Grupo com 130 brasileiros chegou ao Aeroporto Internacional de Confins na sexta-feira (7); outros grupos foram mandados de volta em outubro e janeiro, respectivamente

Brasileiros que tentaram atravessar a fronteira ilegalmente foram mandados de volta (Foto Reprodução TV Globo)

Um avião com 130 brasileiros deportados dos Estados Unidos chegou ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves em Confins, região metropolitana de Belo Horizonte, na noite de sexta-feira (7), com 130 brasileiros. Este é o terceiro voo com brasileiros que tentaram atravessar a fronteira ilegalmente e foram mandados de volta. O primeiro foi mandado em outubro com 70 pessoas e o último em janeiro com 50.

O governo do presidente Jair Bolsonaro tem facilitado a deportação de cidadãos que vivem irregularmente nos EUA, o que representa uma mudança em relação à política de governos anteriores. Essa medida não era tomada desde 2006, quando o último voo com deportados chegou também a Minas Gerais.

De acordo com reportagem divulgada pelo G1, uma fonte que acompanha o assunto explicou que a decisão brasileira foi tomada também pela mudança da lei americana, que passou a tratar os imigrantes ilegais pegos na fronteira como “inadmitidos” e a mantê-los presos nos campos de imigração no México até a deportação.

De acordo com outras duas fontes com conhecimento próximo do assunto, houve uma determinação superior aos diplomatas brasileiros para que não se criasse mais dificuldades para o envio de deportados por aviões fretados, em uma necessidade de aproximação com o governo de Donald Trump.

Até 2018, o governo brasileiro se recusava a aceitar os fretamentos com deportações em massa. As únicas exceções, desde 2006, foram dois grupos, um de quatro pessoas e outro de três, no final de 2017.

Segundo uma das fontes, em meio a negociações comerciais, o governo Trump aumentou a pressão pelas deportações e o Brasil autorizou a volta de cidadãos em casos específicos.

No entanto, a facilitação para a deportação em massa vai tirar do governo brasileiro a possibilidade de analisar os casos e ajudar aqueles que realmente tem razões para permanecer nos EUA, de acordo com especialistas ouvidos pela Reuters.

Essa é a segunda medida tomada pelo governo brasileiro para facilitar a deportação, em concordância com pedidos do governo Trump. Como mostrou a Reuters em agosto, o governo emitiu um parecer autorizando a volta de brasileiros no país apenas com um atestado de nacionalidade.

Isso porque a lei brasileira proíbe a emissão de passaportes à revelia do cidadão, o que impedia o governo norte-americano de embarcar os deportados sem que eles se dispusessem a pedir um passaporte. No governo Temer, sob pressão dos EUA, foi feito um acordo para que os consulados emitissem o certificado em alguns casos, mas algumas empresas aéreas se recusavam a aceitar o documento até o parecer do governo brasileiro.

Os voos fretados, no entanto, eliminam também esse problema. Não há necessidade de documento para desembarque no Brasil.

O número de imigrantes brasileiros presos nos Estados Unidos tentando cruzar a fronteira pelo México aumentou mais de 10 vezes no último ano fiscal norte-americano (outubro de 2018 a setembro de 2019), chegando a 17.900, contra 1.500 no ano fiscal anterior. Em 2019, cerca de 850 mil pessoas de diversas nacionalidades foram presas tentando cruzar a fronteira dos EUA.

Diplomatas brasileiros confirmaram esses números com o governo norte-americano e tentam encontrar uma explicação para o crescimento abrupto.

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