Opinião

Trump: neto e filho de imigrantes

Jehozadak Pereira*

Donald Trump tem conseguido a façanha de se manter na crista da onda, mesmo com a sua pregação preconceituosa, arrogante, inoportuna e típica de um homem arrogante, despreparado e que nem de longe lembra um empresário arrojado e destemido que fez fortuna com raro tino comercial e empreendedor.

Trump é tido como um conservador, mas tem se mostrado um racista inoportuno e que já deu mostras de que se não for o escolhido do partido republicano vai se lançar na aventura como independente, resta saber se vai a exemplo dos seus negócios, ser bem sucedido.

Mas voltando ao ódio que Donald Trump nutre por imigrantes, não dá para entender, pois ele próprio é neto de imigrantes alemães e sua mãe nasceu na Escócia; já Ivana a sua primeira mulher é tcheca e Melania Knauss, sua terceira mulher é eslovena de nascimento, ou seja, o que não falta na história dele é imigrante e quatro dos seus cinco filhos são de mães imigrantes. Custa crer que Trump, que se diz presbiteriano tenha tanta ojeriza por pessoas que são tal e qual, seus avós, sua mãe e suas ex-mulheres.

Talvez desconheça o que está contido em Deuteronômio 10.18-19 “Ele defende a causa do órfão e da viúva e ama o estrangeiro, provendo-lhe alimento e vestimenta. Portanto, amareis o estrangeiro, porque fostes igualmente peregrinos na terra do Egito”; e Êxodo 22.21 “Não maltratareis nem oprimireis nenhum estrangeiro, pois vós mesmos fostes estrangeiros nas terras do Egito”; ou Deuteronômio “Maldito quem negar justiça ao estrangeiro, ao órfão ou à viúva. E todo o povo dirá: Amém!”; ou Salmo 146.9 “O SENHOR protege os migrantes, ampara os órfãos e as viúvas, mas frustra os planos e atitudes dos ímpios”; ou Jeremias 22.3 “… Não façais nenhum mal, constrangimento ou qualquer outra violência contra o estrangeiro…”.

É claro e óbvio que não se pretende aqui espiritualizar a questão, mas bem que o pastor de Trump podia explicar a ele como funciona as coisas a partir de um ponto de vista bíblico e espiritual, com o que acontece com quem persegue e molesta o estrangeiro.

Se ele não entender o que o pastor explicar, talvez seus parentes, inclusive sua mãe podem sentar com e detalhadamente mostrar a ele como funcionam as coisas todas. Consta que sua mãe veio passar férias em New York e lá se apaixonou pelo seu pai e se casaram. Com que visto a mamãe Trump entrou nos Estados Unidos? Ou na época já havia as facilidades que há hoje?

Mas a grande questão e pergunta que se faz é por que Donald Trump tem tanto ódio aos imigrantes? Será algum problema mal resolvido em alguma época do passado? A exemplo de Ted Cruz, um dos inúmeros pré-candidatos republicanos, que também é filho de um imigrante cubano, nascido no Canadá e que denota raiva de imigrantes de qualquer lugar. Tal como Trump, Cruz se pudesse deportaria todos os indocumentados que moram e trabalham nos Estados Unidos. Tal como Trump, Cruz se diz religioso e ambos parecem ignorar o genuíno amor cristão. Pudessem e não haveria na América, um único imigrante, tamanha a sanha que possuem.

O discurso de Trump não é o de um candidato político, é o de um xenófobo que não respeita trabalhadores, pais e mães de família, sendo que ele próprio é descendente direto de imigrantes que vieram para cá em busca de dias e horizontes melhores, justamente como os milhões de pessoas que atualmente fizeram o mesmo.

Será que na época dos avós e mãe de Trump, se houvesse uma pregação de ódio e intolerância tal como a que ele faz, como é que se sentiriam? Envergonhados, humilhados, desanimados e preocupados com o futuro?

As propostas do bilionário extravagante e inoportuno no quesito imigração beiram a desumanidade e insanidade absoluta e se ele for eleito, saberá a diferença entre o discurso e a prática, pois se levar a cabo as suas ameaças, quebrará economicamente os Estados Unidos e comprometerá a economia mundial.

Hoje, os 11 milhões de indocumentados que vivem nos Estados Unidos, fazem parte da maior diáspora de todos os tempos e isto não pode ser ignorado, já que são estas pessoas que suprem as necessidades de mão de obra e cumprem o seu papel no mercado de trabalho.

Se Trump for de fato eleito pode começar com ele mesmo, retirando a sua cidadania, já que como se sabe ele é filho de uma imigrante, e portanto pela sua fala, não teria o menor direito de estar aqui, podendo inclusive ir-se com sua mãe para a Escócia, viver o resto dos seus dias…

*Jornalista

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