Sandra Colicino

Um olhar no fechamento do ensino presencial em Nova York

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, declarou na quarta-feira (18) que as aulas nas escolas públicas voltariam a ser totalmente remotas (Foto: Reuters/Brendan McDermid)
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, declarou na quarta-feira (18) que as aulas nas escolas públicas voltariam a ser totalmente remotas (Foto: Reuters/Brendan McDermid)

Depois de quase 8 semanas de ensino presencial nas escolas em Nova York para os alunos que optaram por esta alternativa, o prefeito da cidade, Bill de Blasio, declarou na quarta-feira, dia 18 de novembro, que as aulas nas escolas públicas voltariam a ser totalmente remotas, iniciando no dia seguinte, 19 de novembro.

Durante o verão, De Blasio havia anunciado seu plano para reabertura das escolas para o ano letivo de 2020/ 2021. Tendo sido Nova York o primeiro epicentro da crise do novo corona vírus, o prefeito foi muito cauteloso em estabelecer um sistema para reabertura do sistema de ensino, que é o maior do país. A reabertura aconteceu em fases, dando prioridade aos ensinos fundamental e de educação especial.

PS1, em Manhattan, NY, com orientações para ensino remoto (Foto: Sandra Colicino)
PS1, em Manhattan, NY, com orientações para ensino remoto (Foto: Sandra Colicino)

Entre os pré-requisitos para um possível fechamento para as escolas, De Blasio estabeleceu que se a taxa de infecção por COVID-19 atingisse 3% num período mínimo de 7 dias, ele acionaria automaticamente o fechamento das escolas e o retorno ao ensino remoto. Esse índice foi atingido no dia 18 de novembro.

“Hoje é um dia muito difícil, mas esta é uma situação temporária”, afirmou De Blasio durante a coletiva de imprensa do dia 18.

A declaração foi seguida de muito criticismo, pois a taxa de infecção por corona virus dentro do sistema escolar estava abaixo de 1%. Além do mais, o comércio, os restaurantes e bares, e academias, que são potencialmente locais de maior risco, continuam abertos na maior parte da cidade (exceto em regiões com maiores restrições designadas como micro-clusters pelo governo estadual).

A mudança deixou pais e alunos despreparados para encontrar alternativas na última hora, mesmo que o chanceler de educação da cidade, Richard A. Carranza tivesse alertado à comunidade de um possível fechamento do ensino presencial

Até o momento, não se sabe quando as escolas reabrirão para ensino presencial, mas o prefeito afirma estar em contato com o governo estadual a fim de elaborar um plano para a retomada do ensino presencial.

Qual é a real taxa de infecção de covid-19 de Nova York

Na quarta-feira, dia 18 de novembro, a cidade de Nova York finalmente registrou uma taxa de infecção pelo novo corona vírus a 3% por 7 dias consecutivos. Porém, para o governo estadual, a taxa de infecção na cidade estava em 2.54% no domingo, 22 de novembro.

Para explicar tal discrepância, vale lembrar que o governo estadual dá liberdade às municipalidades de estabelecer seu próprio sistema de contagem das métricas desta doença.

Neste cenário, por exemplo, na administração do prefeito Bill de Blasio, os casos são contabilizados no dia em que os resultados saem, ao contrário do estado, que conta os casos de acordo com o dia em que as amostras foram coletadas. Quando se trata da média no curso de 7 dias, é importante diferenciar a data de coleta da data do resultado.

Além disso, a cidade somente considera os testes de PCR (Polymerase Chain Reaction), mas o estado conta tanto o PCR, quanto o teste de antígeno, ou o teste rápido. Neste caso, quanto mais testes, com a mesma quantidade de casos positivos, menor a média  na contagem da taxa de infecção.

Um outro fator que impulsiona a taxa de infeção na cidade é o fato da cidade contar mais de uma vez quando a mesma pessoa realiza o exame mais de uma vez no prazo de 7 ou menos dias. O governo estadual só contabiliza uma vez em situações assim.

Conforme vimos acima, o fato da cidade de Nova York contabilizar uma taxa de infeção de 3%, foi o suficiente para determinar o fechamento das escolas públicas na cidade. Se a cidade estivesse em alinhamento com o sistema do estado, as escolas ainda estariam abertas.

“Acreditamos nos nossos números e na nossa tecnologia,” declarou o porta-voz do prefeito, Bill Neidhardt, momentos antes do prefeito declarar o fechamento do ensino presencial.

“Trocar um padrão de saúde pública no meio do dia não é uma boa idéia quando se quer manter clareza e a confiança do público,” acrescentou Neidhardt.

Porém o governador de Nova York, Andrew Cuomo, declarou em sua coletiva de imprensa no domingo, dia 22 de novembro, que o estado realiza “centenas e dezenas de testes rápidos por semana, especialmente nesta época, por estarem bem requisitados durante esse período de feriado.

“É bom poder saber o resultado rapidamente,” declarou Cuomo.

Na mesma coletiva, declarou que a contagem da cidade é “irrelevante” para a tabulação do estado.

É importante salientar que a partir do momento que a taxa de infeção chegar a 3% na contagem do estado, o governador Cuomo vai declarar a cidade como um todo como uma região laranja, de acordo com a estratégia de micro-cluster, fechando assim, todos as atividades não-essenciais. Esperamos que este dia não chegue!

Desfile de Thanksgiving da Macy’s em versão de distanciamento social

Fachada da Macy's em Herald Square, onde ocorre o desfile de Thanksgiving (Foto: Sandra Colicino)
Fachada da Macy’s em Herald Square, onde ocorre o desfile de Thanksgiving (Foto: Sandra Colicino)

Este ano praticamente todas os desfiles, tais como, St. Patrick, Puerto Rican e Orgulho Gay, foram cancelados devido à crise do COVID-19. Uma exceção é o desfile de Thanksgiving da Macy’s, qua acontece todos os anos desde 1924. Desde o começo de sua existência, o desfile só foi cancelado durante o período da II Guerra Mundial.

A fim de que o desfile acontecesse com segurança, algumas modificações foram feitas. A primeira delas é o limite de idade dos artistas. Normalmente, alunos de ensino médio que participam das apresentações de acrobacias compõem a maioria dos artistas.

Ao invés disso, as apresentações vão ficar por conta de artistas de shows da Broadway. Alguns deles não se apresentam deste março, quando os teatros fecharam. Essas apresentações já foram gravadas previamente. Os shows em destaque são “Hamilton”, Jagged Little Pills”, “Mean Girls” e “Ain’t Too Proud: The Life And Times Of The Temptations”. O desfile ainda apresentará trechos dos musicais “The Nutcracker” e “Rockettes–Christmas Spectacular”, dois símbolos de espetáculos de Natal em Nova York, mas que infelizmente tiveram suas temporadas canceladas.

A segunda mudança está no cancelamento da rota. No ano passado, o desfile cobriu um trecho de 2,5 milhas. Este ano consistirá em menos de uma milha, mas a rota está mantida em sigilo, a fim de evitar multidões. A única atividade ao vivo será o desfile de balões, que não serão mais movimentados por pessoas, mas por carros utilitários.

Por último, a mais importante mudança é ausência do público. Em 2019, o evento reuniu cerca de 3,5 milhões de pessoas. Este ano o evento será somente televisionado pela rede NBC.

“Grandes multidões e um grande número de pessoas simplesmente não será possível este ano,” afirmou Susan Tercero, produtora executiva do desfile, ao jornal da NBC.

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