Histórico

Brasileira fica 28 dias presa nos EUA mesmo tendo green card

Carolina Faria voltava de férias quando foi detida pela Imigração em Houston, Texas

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Carolina Faria de Morais

DA REDAÇÃO COM FOLHA DE SÃO PAULO

Mesmo tendo green card, a brasileira Carolina Faria de Morais, de 27 anos, passou 28 dias presa em um centro de detenção para imigrantes indocumentados em Houston, Texas. Ela voltava das férias no Brasil quando foi detida no dia 26 de agosto deste ano e só conseguiu sair no final de setembro. A família está fazendo uma campanha nas redes sociais para conseguir arrecadar dinheiro e pagar o processo. Carolina teve o green card apreendido e pode ser deportada.

“Minha família já gastou U$16 mil, que eram para meus estudos, para que eu possa responder o processo em liberdade”, conta a brasileira que mora no Oregon, onde estuda biologia e trabalha em uma clínica de reabilitação de animais.

Em 2006, durante uma busca em seu carro, a polícia encontrou bebida alcoólica que era do carona e um cachimbo usado normalmente por viciados em drogas. Apesar de não ter encontrado nenhuma substância ilegal no veículo, a polícia multou a brasileira em $300. “Na época me disseram que não haveria registro criminal”, conta ela.

Ao contrário do que a polícia disse, o caso ficou registrado e ao tentar reentrar no país, ao passar pela imigração, Carolina foi levada para uma sala onde outras pessoas aguardavam uma decisão se poderiam entrar ou não no país. Depois de quase 20 horas de espera, ela foi avisada que seria deportada.

“Entrei anestesiada na van. Logo depois chegamos a um local cercado de muros e arame farpado. Me colocaram em uma cela com 58 mulheres a espera da deportação”, lembra Carolina, acrescentando que a temperatura do local a noite era tão baixa que algumas mulheres pediam para ser deportadas. “Era um freezer”, desabafa, lembrando ainda que a rotina do centro era estressante. “Acordavam às 1h da manhã para fazer exame de sangue”, relata.

Somente depois que a família conseguiu um advogado é que Carolina foi liberada. Mesmo assim, seus documentos foram retidos. Ela ficou sem o passaporte, sem o green card e está proibida de sair do país. “A guarda que me levou até o portão me pediu desculpas. Disse que tinha visto meu histórico e não via motivos para eu estar lá”, conta.

Agora que está de volta à escola e à família. Carolina precisa custear o processo judicial. A família criou uma página no facebook/Bringlinahome para solicitar apoio da comunidade e pedem doações em dinheiro.

“Ainda estou na luta para poder ficar aqui. Meu processo de deportação pode levar anos até ser julgado. O sistema tem que mudar. Os centros para imigrantes ilegais são piores que prisões. Os Estados Unidos continuam sendo uma casa para mim, mas o controle da imigração está falido”, desabafa.

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