Histórico

Brasileiro gay recebe green card na Flórida

Adilio e Byron Salucci se casaram em agosto logo após mudança na lei federal americana

Joselina Reis

Adílio (e) e Byron mostram a certidão de casamento que dá ao brasileiro todos os direitos legais ao obter o green card
Adílio (e) e Byron mostram a certidão de casamento que dá ao brasileiro todos os direitos legais ao obter o green card

Adilio e Byron Salucci se casaram em agosto logo após mudança na lei federal americana que abriu caminho para o casamento entre pessoas do mesmo sexo

“Foi tudo mundo rápido”, lembra o fotográfo brasileiro Adilio Salucci, de 27 anos. Ele conheceu o marido, o enfermeiro americano, Byron Salucci, de 43 anos, em maio de 2013 e no dia no dia 9 de dezembro o casal recebia em sua casa, em Boynton Beach, o tão sonhado green card. O casal comemorou a decisão rápida da justiça, mas acredita que muito ainda precisa ser feito para que o casamento gay seja aceito pela sociedade. “Nós não queremos tirar os direitos de ninguém só queremos que os nossos sejam respeitados”, enfatiza Byron.
Após o casamento, Byron, que resolveu adotar o sobrenome do brasileiro, começou a trocar todos os documentos. A tarefa não foi fácil na Flórida. “Eu tive problemas para trocar meus documentos e meu empregador não vai aceitar o Adílio como meu dependente”, conta Byron que agora procura outro emprego em que Adílio possa ser incluído no plano de saúde.

Em junho de 2013, a Suprema Corte dos Estados Unidos derrubou uma controversa lei federal que definia o casamento como a união entre um homem e uma mulher, o que possibilitou o casamento legal entre pessoas do mesmo sexo. A decisão ajudou homossexuais imigrantes como Adílio a, finalmente, resolverem suas pendências imigratórias, no entanto dos 50 estados americanos apenas 17 estados (incluindo a capital Washington D.C) aceitam o casamento gay. Flórida está entre os estados que não aceitam legalmente o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Os dois viajaram para Washington D.C. para realizar cerimônia. O processo, conta Adílio, levou uma semana e precisou da assinatura de um pastor, no caso deles da reverenda Stalene Joynor Burns. Depois disso, o processo seguiu o caminho normal como qualquer outro casamento. Mesmo os dois morando na Flórida, onde o casamento gay não é aceito, o que conta para a imigração são as leis federais. “Até nossa paralegal tinha dúvidas de que fosse possível a minha legalização”, conta Adílio.

Byron lembra que a entrevista com a imigração foi muito tranquila, durou apenas dez minutos, e o agente responsável foi muito simpático e em uma semana Adílio recebia o green card provisório para dois anos. Seguindo as mesmas regras para casais heterossexuais, Adílio vai ter que aplicar para o segundo green card assim que o provisório vencer, e quando completar cinco anos de residência permanente nos EUA ele poderá requerer sua cidadania americana.

Agora que a fase de imigração é coisa do passado, os dois querem ajudar outros casais gays a entenderem o processo de legalização da união. “São vários detalhes e nós queremos divulgar que é possível”, conta Byron que já teve que responder inúmeras vezes que não casou com Adílio “só para dar green card ao brasileiro”. “Na minha opinião esse tipo de questionamento é preconceituoso e bobo”, disse o americano que conheceu o carioca através do aplicativo para celular Scruff.

Os dois trocaram mensagens de texto por dois dias e namoraram por três meses quando Adílio finalmente aceitou o pedido de casamento. “No começo foi muito engraçado. Ele não falava inglês e usávamos um tradutor no celular para nos comunicar”, conta Byron.

Família

Ao contrário de Byron que assumiu a sexualidade aos 12 anos, Adílio só contou formalmente aos pais evangélicos cinco dias antes do casamento em agosto deste ano. “Você fica com medo de perder a família, os amigos, com medo do que os outros vão falar de você, e quando você finalmente conta….nada acontece!”, lembra Adílio que deixou o Brasil em março de 2013 e se sente aliviado em finalmente poder assumir sua sexualidade perante a família. “Minha mãe disse que vai continuar me amando como sempre e meu pai acha que o Byron até se parece com ele”, lembra o carioca.

Agora que ele já conhece quase toda a família de Byron, a última pessoa será a sogra que virá visitá-los em fevereiro, será a vez do americano conhecer a família brasileira. O enfermeiro segue com seu esposo para o Brasil em março para conhecer o Rio de Janeiro e o carnaval brasileiro. “Essa será minha primeira vez no Brasil, estou ansioso para conhecer todo mundo”, contou o americano nascido no Missouri.

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