Histórico

Acarajé conquista o paladar dos americanos

Carlinhos do Acarajé prepara a iguaria na Flórida que vem até com cheiro da Bahia

Carlinhos do Acarajé
Carlinhos deixou a Bahia em 2000 e trouxe consigo a paixão pelo acarajé

Joselina Reis
Foto: acontece.com

DA REDAÇÃO – Ele prepara cada acarajé como se fosse uma oferenda aos orixás. Talvez por isso os bolinhos de feijão de Carlinhos do Acarajé fazem tanto sucesso. Desde 2000, quando deixou a Bahia e mudou-se para Massachusetts e depois para Miami, que esse brasileiro de sotaque típico de Salvador e muita animação nunca deixou de lado seu ofício de chef de acarajé e a sua outra paixão: os orixás e as divindades africanas.

AcarajeCarlinhos conta que ao longo dos anos o acarajé tem conquistado cada vez mais fãs também entre seus clientes de outras nacionalidades. “A maioria dos americanos que ainda não conhecem o acarajé ficam encantados com o aroma e a sua textura crocante. E sempre pedem para experimentar. Mas os que já conhecem, na sua maioria, pedem logo acarajé sem pimenta. O que é sempre um bom momento para conversas e piadas sobre as suas primeiras experiências provando este quitute baiano tão apreciado. Aqui em Miami, uma grande parte da população hispânica que já provou o acarajé acabou virando freguês”, comenta.

Com a conquista do paladar americano, Carlinhos criou o Food Truck Baiano. Através da sua página no Facebook (facebook.com/pages/Carlinhos-do-Acaraje) ou pelo telefone (786) 226-4290, ele organiza um serviço de entrega em cidades da região de Broward e Miami-Dade. Estaciona seu Food Truck e os clientes, que já fizeram os pedidos, têm a comodidade de buscar o acarajé e outras iguarias da culinária baiana pertinho de casa.

Mas, qual o segredo do sabor do acarajé? Carlinhos diz que quem mantém segredo são as divindades femininas da religião afro-brasileira do Candomblé. “No Candomblé, os orixás masculinos, como Xangô, Exu, Obaluaye, e Oxumarê, por exemplo, são oferendados com essa iguaria. Porém, Iansã, que é um orixá feminino, é que tem o domínio do segredo do acarajé”, conta o brasileiro, que também é lider religioso – babalorixá da religião afro-brasileira, e dá palestras sobre o tema nos Estados Unidos.

Mas, como um bom chef, ele adianta que o segredinho da culinária baiana para deixar a comida mais saborosa é uma série de ingredientes. “Eu diria que o segredo está num bom tempero, ou seja, saber a dosagem dos ingredientes para que no final a combinação saia perfeita, e com o cheiro da Bahia”, comenta.  Sobre seus acarajés, ele adianta que o sucesso vem dos produtos de alta qualidade que ele usa e seu bom humor, que está presente durante todo o tempo de confecção de cada bolinho. “Veja bem, o processo de se fazer um bom acarajé, acredito, tem de ser artesanal, por isso é bastante trabalhoso. Na hora de bater a massa é necessario grande concentração para conseguir perceber o ponto exato, e também estar muito feliz”, explica.

A história do nome é curiosa. A palavra “acarajé” vem do yorubá, língua de origem africana, e na Nigéria o acarajé é chamado de “akará” – “pedra de fogo.”  A palavra “jé” vem do sentido comer, então acarajé é a “pedra de fogo que se come”, e está ligada ao Candomblé. Os recheios do bolinho feito de massa de feijão-fradinho, cebola e sal, frito em azeite de dendê, são variados. O jeito baiano de servir inclui pimenta, camarão seco, vatapá e caruru.

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