Senado americano rejeita o Dream Act, frustrando ativistas e estudantes
Mais uma vez, o sonho dos milhões de estudantes imigrantes que vivem nos Estados Unidos foi destruído por falta de um acordo bipartidário no Congresso americano. Mesmo depois de aprovado na Câmara de Representantes, o Dream Act – projeto de lei que abriria uma porta para que jovens estrangeiros pudessem regularizar sua situação imigratória neste país” foi rejeitado pelos senadores. A votação final mostrou que apenas 55 parlamentares estão comprometidos com a causa e eram necessários 60 votos para que a proposta pudesse ser encaminhada para sanção presidencial.
Com a derrota, o futuro do Dream Act é incerto, já que em janeiro de 2011 tem início uma nova composição no Congresso, que terá maior presença dos republicanos ” que na votação manifestaram toda sua oposição à ideia. O projeto consiste em oferecer a oportunidade de legalização a jovens indocumentados que chegaram aos EUA com menos de 16 anos de idade e viveram de forma contínua no país durante pelo menos cinco anos. Pelo projeto, o benefício poderia ser alcançado depois de o pretendente cursar dois anos de alguma universidade ou após a adesão nas Forças Armadas.
A iniciativa foi apresentada pela primeira vez em 2001 e, desde então, já foi debatida em mais de 12 ocasiões, sempre com o mesmo final. Em setembro deste ano, a proposta fez parte de uma emenda acerca do orçamento na área de segurança nacional e, naquela oportunidade, foi derrotada por 56 a 43 votos. No entanto, com o apoio popular e com a aprovação do projeto entre os deputados, os democratas e ativistas esperavam melhor sorte desta vez.
“Estou decepcionado. Simplesmente não havia razão para não aprovar esta importante lei e lamento que senso comum não tenha prevalecido”, afirmou o presidente americano, Barack Obama. Através do subsecretário de Segurança Nacional, John Morton, Obama disse que o governo não vai promover qualquer ação para prender estudantes, pois o foco da polícia de imigração é o indocumentado criminoso. “Nada muda na nossa forma de atuação, que tem sido sensata e coerente desde o início da atual administração”, garantiu o chefe do ICE.
Angelica Salas, diretora de uma entidade que apoio imigrantes, foi taxativa: “Este é um dia negro na história dos EUA”, disse a ativista, que não acredita mais na aprovação da lei nos próximos dois anos. Para ela, o objetivo, agora, será o de fortalecer o trabalho junto aos eleitores, para que no pleito de 2012 possam ser eleitos parlamentares mais engajados na causa dos indocumentados. “A democracia perdeu para a política”, acrescentou Maria Rodriguez, diretora de um centro para imigrantes.
Pelo lado republicano, o argumento para a rejeição do Dream Act foi o mesmo de sempre: o projeto permitiria anistiar milhões de imigrantes em situação ilegal. Somente três senadores votaram a favor do projeto: Robert Bennett, Richard Lugar e Lisa Murkowski. “Eles não aceitaram a pressão do partido e votaram de acordo com sua consciência. No entanto, outros que já votaram a favor do Dream Act antes simplesmente viraram as costas para milhões de jovens”, lamentou Harry Reid, democrata que apresentou a proposta.