Histórico

Adiamento no caso Jean Charles ‘decepciona’ Anistia

Até agora, ninguém foi processado pela morte do brasileiro

A organização Anistia Internacional (AI) defendeu uma investigação sobre a morte do brasileiro Jean Charles de Menezes que poderia abrir uma segunda ‘frente de batalha’ para a família no caso.
Na quinta-feira, o legista que examina o caso adiou – possivelmente até 2008 – a abertura de uma investigação separada da que já corre na Justiça contra a polícia londrina.

Na Grã-Bretanha, legistas são responsáveis por abrir processo e solicitar júri popular quando autoridades públicas estão envolvidas em mortes violentas.

Mas essa possibilidade foi adiada pelo legista John Simpson até a conclusão de outro processo – movido pela Procuradoria britânica – que examina se a Polícia Metropolitana (Scotland Yard) desrespeitou regras de segurança e de saúde pública.

Se o processo se arrastar indefinidamente, no entanto, o legista John Simpson ressaltou que prosseguirá com sua investigação.

O pesquisador da Anistia Livio Zilli disse que a organização estava “desapontada com a decisão, e que “investigação deve ser feita agora”.

“Em outros casos, nunca houve adiamentos do processo do legista”, afirmou.

Para a Anistia, a investigação do incidente é uma “questão de direitos humanos”.

Responsabilidades

O inquérito do legista é visto pela família de Jean Charles de Menezes como uma via para responsabilizar indivíduos pela morte do brasileiro.

No processo que move atualmente contra a Scotland Yard, a Procuradoria britânica alegou que não havia provas para apontar indivíduos responsáveis. Em vez disso, serão examinadas “falhas sistêmicas” dentro da instituição.

No entanto, se o processo do legista concluir que a morte de Jean Charles foi “ilegal”, a Procuradoria sofrerá mais pressão maior para buscar novamente indícios contra responsáveis.

Isto ja aconteceu em situações anteriores, disseram representantes da família.

Espera

O pedido de adiamento da abertura de um novo processo foi feito ao legista pela Procuradoria, que acusa a Scotland Yard no processo que corre atualmente na Justiça britânica.

No entender dos procuradores, a repercussão de um processo poderia interferir no outro.

No próximo dia 19, a Scotland Yard deve aportar indícios de sua inocência – ou pelo menos atenuantes de sua culpa – para alegar que não feriu regras de segurança e saúde pública durante a operação que matou Jean Charles.

O caso pode ser remetido para uma Suprema Corte e ganhar grande visibilidade na opinião pública quando for analisado, provavelmente no ano que vem. Mas não seria concluído antes de 2008.

Para os parentes, a espera é “uma vergonha”.

“A família seguirá lutando para recorrer de todas as decisões, a fim de garantir que a verdade do que ocorreu venha à luz o mais rápido possível.”

Jean Charles foi morto em Londres no dia 22 de julho de 2005, um dia após uma série de atentados frustrados ao sistema de transporte da cidade, e duas semanas depois de ataques que deixaram mais de 50 mortos na capital britânica.

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