Histórico

Advogado mexicano indocumentado aguarda decisão para exercer sua profissão nos EUA

Decisão da Suprema Corte de Justiça da Flórida estabeleceria precedente para resolver outras disputas similares com jovens sem papéis formados nas universidades

DA REDAÇÃO COM AGÊNCIA EFE – O advogado José Manuel Godinez-Samperio, imigrante indocumentado que entrou como criança nos Estados Unidos e se formou na universidade, aguarda uma decisão da Suprema Corte de Justiça da Flórida para receber sua licença e poder exercer sua profissão.
Godinez, de 25 anos, recorreu ao máximo tribunal de Justiça da Flórida em abril após a Associação de Advogados estadual ter negado a ele a licença por não ter papéis de permanência legal.

O imigrante mexicano reside em Tampa e se formou como advogado em 2011. Entrou nos Estados Unidos com nove anos de idade e perdeu seu status legal de permanência quando seus pais decidiram ficar no país depois de vencer seus vistos de turismo, divulgou a agência espanhola de notícias (EFE).

Depois de terminar os estudos secundários em 2004, Godinez-Samperio entrou na New College of Florida, em Sarasota, e depois foi admitido na Escola de Direito da Universidade Estadual da Flórida, onde obteve o título de advogado.

Talbot D’Alemberte, advogado de Godínez, disse que a norma da Associação de Advogados da Flórida exigindo comprovação do status imigratório é “inválida” porque o Supremo Tribunal do estado não a aprovou.

Em sua opinião, a junta de examinadores da associação não deve atuar como agentes do Gabinete de Imigração e Alfândega (ICE) ou funcionários do Departamento de Justiça, porque os dois órgãos indicaram que não “deportarão pessoas como José”, acrescentou o advogado.

A deputada democrata pelo Distrito 11 da Flórida, Kathy Castor, enviou uma carta aos juízes da Suprema Corte de Justiça pedindo que seja concedida a licença a Godinez- Samperio e a outros imigrantes indocumentados.

“Aqui na área de Tampa Bay sentimo-nos orgulhosos de apoiar José Godínez-Samperio como um dos nossos”, afirmou Castor. “Este estudante de direito na Universidade do Estado da Flórida (FSU) trabalhou duro para obter sucesso, e nossa comunidade deve estar celebrando”.

Defendem o DREAM Act

A legisladora destacou ainda ser “uma lástima que sua situação de imigrante seja questionada no momento. Tenho defendido a aprovação do decreto DREAM Act, precisamente, para estudantes como José. Se o DREAM Act estivesse válido, estudantes como José Godínez-Samperio automaticamente seriam admitidos na Associação de Advogados da Flórida, e os imigrantes que preenchem os requisitos sob os critérios do decreto DREAM Act poderiam ter acesso a empréstimos para frequentar a universidade e até mesmo ir à Escola de Direito, e obter outros títulos de pós-graduação”.

“Devemos incentivar e reforçar a próxima geração de nossa nação – e não por obstáculos em seu caminho para o sucesso”, disse a congressista em sua carta para a Suprema Corte de Justiça da Flórida. “Negar a estes estudantes a oportunidade de se tornarem médicos ou advogados ou praticar outra profissão é negar ao estado da Flórida e a todos nossos vizinhos uma mão de obra educada e talentosa”, assinalou.

O DREAM Act surgiu em 2001 com apoio bipartidário no Congresso Federal. No entanto, apesar de várias tentativas para aprová-lo nas duas Casas do legislativo, a iniciativa continua pendente.

A decisão da Suprema Corte de Justiça da Flórida pode criar um precedente para resolver outras disputas similares realizadas em outros estados com jovens sem papéis que se formaram em universidades.

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