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Análise: Após buscar prestígio na Ásia, Bush volta aos EUA

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, chegou nesta terça-feira a Honolulu (Havaí, EUA) após uma viagem pelo sudeste asiático na qual tentou recuperar seu prestígio após a derrota republicana nas eleições legislativas do dia 7, e durante a qual enfrentou problemas.

Bush voltará hoje a Washington, após um café da manhã com as tropas americanas na base aérea de Hickam. Ele pretendia usar a viagem para amenizar a vitória democrata nas urnas. Outro objetivo era garantir aos aliados asiáticos que os EUA continuarão atuando na região.

Bush desejava ainda conquistar apoio para aumentar a pressão sobre a Coréia do Norte e seu programa nuclear. Mas o resultado que Bush leva de volta para casa não é o que ele gostaria.

Na última etapa da viagem, a Indonésia, cerca de 40 mil pessoas se manifestaram em Jacarta e em Bogor, onde Bush se reuniu com o presidente Susilo Bambang Yudhoyono. Os indonésios protestaram contra sua presença e contra a política externa americana.

A conversa com o indonésio foi, segundo o próprio Yudhoyono, “construtiva, franca, às vezes crítica”. A principal fonte de divergências foi o Iraque. O governante indonésio, que preside uma nação de 190 milhões de muçulmanos, ofereceu a Bush sua própria receita para o país.

Ela inclui “uma reorganização das forças de segurança, em paralelo com a saída, baseada num calendário adequado, das forças militares americanas”. Até agora, o presidente dos EUA tem se recusado a fixar qualquer tipo de calendário para a retirada das tropas.

Vietnã

Um dia antes, no Vietnã, Bush já tinha sofrido uma decepção no encerramento da cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), em Hanói.

Contra a vontade dos EUA, que defendia uma linguagem mais forte e uma declaração por escrito, os líderes dos 21 países-membros da Apec se limitaram a emitir uma declaração verbal, lida a portas fechadas, de condenação ao teste nuclear norte-coreano.

O presidente, porém, conseguiu a inclusão de alguns dos pontos que desejava, como o pedido a Pyongyang para adotar “passos concretos” para se desfazer de seu armamento nuclear.

A Coréia do Sul também não quis ouvir os pedidos de Bush para unir-se a um programa de inspeção de navios que se dirigem à Coréia do Norte. A Casa Branca afirmou, no entanto, que o presidente sul-coreano, Roh Moo-hyun, tinha prometido sua cooperação.

Elogios

Bush recebeu, ao menos, diversos elogios de seus colegas, tanto nas reuniões que manteve durante a cúpula da Apec quanto nas suas passagens por Cingapura, Vietnã e Indonésia.

O presidente da China, Hu Jintao, destacou a sua “liderança”. O russo, Vladimir Putin, agradeceu pelo acordo que deu o sinal verde à entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Em Cingapura, o primeiro-ministro Lee Hsieng Loong anunciou sua satisfação com as garantias de Bush de que os EUA manteriam e aumentariam sua presença na região.

Bush encontra, em sua volta para casa, um debate crescente sobre a estratégia dos EUA no Iraque. Democratas pedem que as tropas comecem seu retorno dentro de quatro a seis meses. Outros, como o republicano John McCain, apóiam um aumento do número de soldados.

Mas Bush ainda terá tempo para pensar antes de entrar no debate. Após o feriado do dia de Ação de Graças, volta a viajar. Na próxima segunda-feira (27), vai à cúpula da Otan, em Riga.

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