Marcus Coltro

Andando de Matchbox

Finalmente acabei alugando uma casa só para mim na Itália – meu irmão e eu dividíamos uma alugada e estávamos quase nos matando por ficar juntos tanto tempo… fica na mesma cidade, em Bergeggi. É uma comune que tem aproximadamente 1200 pessoas e fica a mais ou menos noventa quilômetros de Gênova. Bom, tem 1200 de moradores fixos, no verão isso é multiplicado por 100 por conta dos turistas… ou seja, um monte de gente que vem de cidades grandes com ruas mais amplas e que não sabem dirigir naquelas vielas.

As ruazinhas são estreitas, e cheias de curvas. Algumas são tão fechadas, que dá para ver a traseira do próprio carro em algumas delas! (ok, exagerei…). Mas em vários pontos só passa um carro. Eles colocam espelhos em vários locais, mas a maior parte dos turistas os ignora, aí acontecem umas encrencas, já que ninguém quer ceder e dar ré. Só que percebi que a maior parte dos italianos só rosna e não sai para a porrada – provavelmente caso isso aconteça dará uma dor de cabeça tremenda para ambos.

A explicação da dimensão das vias é óbvia: foram construídas para a passagem de carroças, pedestres e gente andando a cavalo, e não para carros.

Eu cheguei em meu novo apartamento guiando uma SUV da marca Lynk & Co., uma empresa Chinesa-Sueca (?!?) que desenvolveu esse veículo cheio de triquetraques modernos. Mas o carro é meio grande, assim para ir e voltar do escritório foi um pouco complicado – eu ainda não estava acostumado com as vias e certamente acabaria dando umas arranhadas na pintura. Eu já passei por um perrengue no fim do ano passado, quando fui dar ré para outro carro passar e ralei a lateral do carro alugado – me custou quase mil euros…

Como vou ficar mais tempo na Itália a partir de agora, resolvi comprar um carro adequado ao tamanho das ruas – até pensei em comprar uma moto ou uma scooter – mas seria complicado nos dias de chuva ou no inverno. Fui atrás de uma concessionária para ver se haveria condições de financiar um carro – depois de alguns anos com a empresa lá, já deveria ter alguma linha de crédito.

Como sou um cara que pensa muito antes de comprar (mentira, entrei na primeira concessionária que vi, Fiat) e pesquiso muito preços (mentira, não fazia ideia de quanto poderia custar), fui ver um Fiat Cinquecento, o modelo que mais me seria adequado, conforme pesquisei online por vários dias (mentira, era o único disponível na agência).

O corretor me atendeu bem, expliquei que precisaria do carro o quanto antes – eu estava pagando mais de 800 euros por semana para ficar com o carro alugado. Passei meus dados para ele – imaginando que meu financiamento não passaria – mas passou! Dei uma pequena entrada e o restante pagarei em quatro anos, parcelas bem baixas quase sem juros (igual no Brasil – SQN). Quando perguntei quanto tempo demoraria para ter o carro, ele disse que em uma semana ou menos – nem acreditei, achei que era papo de vendedor…

Bom, entre eu falar com o corretor, assinar os contratos, fazer o seguro e pegar o carro, foram quatro dias! O engraçado é que quando fui buscar eu nem lembrava de como o carro era por dentro…. apesar de só ter 70 cavalos até que anda bem, e tem vários acessórios, teto solar, tudo digital e é híbrido – isso faz com que o imposto anual seja gratuito pelos primeiros três anos. Tudo bem que mal cabe uma mala no porta-malas, e só pessoas sem pernas podem sentar-se no banco de trás – mas fora isso, o carro é bem legal. E olhe que eu gosto de carro grande.

Saí da concessionária com o meu brinquedo da Matchbox e acabei gostando de dirigir – só não foi mais econômico porque sou pé-de-chumbo e não dá para desenvolver muita velocidade dentro da cidade. Mas peguei estrada para ir até o aeroporto de Milão – não sei se a velocidade real é a mostrada no painel, mas ele passou de 150…

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