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Após atingir São Paulo, crise da água agora se estende ao Rio

Fantasma do racionamento de água já assombra as duas cidades mais populosas do Brasil

Após atingir São Paulo, crise da água agora se estende ao Rio

DA REDAÇÃO (com UOL e G1) – A crise hídrica no sudeste brasileiro chega à última semana de janeiro atingindo níveis alarmantes. Após se agravar no estado de São Paulo, o problema agora se estende agora à cidade do Rio de Janeiro – onde pode até mesmo prejudicar o andamento do Carnaval.

Na maior metrópole do Brasil, o Sistema Cantareira (que é um dos reservatórios responsáveis por abastecer a capital de São Paulo) recebeu 151,1 bilhões de litros de água a menos do que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (a Sabesp) esperava, levando em consideração o cenário mais pessimista. A pior previsão compara os dias de hoje com 1953, até então o ano mais seco da história do reservatório antes de 2014.

A projeção para o começo da época de estiagem deste ano – que começa no último dia de abril – faz parte de uma expectativa de demanda do reservatório que atende 6,5 milhões de pessoas. O documento foi entregue em outubro de 2014, pela Sabesp, para a Agência Nacional de Águas (ANA).

Nele, a companhia afirma esperar que, caso a situação seja igual a de 1953, haveria um deficit de 50,1 bilhões de litros de água no sistema ao fim de abril. Isso quer dizer que, pela projeção mais pessimista feita à época, o Cantareira não recuperaria tudo o que já havia sido utilizado dos 182,5 bilhões de litros do primeiro volume morto.

Entre outubro e dezembro de 2014, somado ao que já havia sido registrado em janeiro do mesmo ano, entraram apenas 75,2 bilhões de litros de água. Em 1953, a entrada relatada foi de 226,3 bilhões.

Essa diferença de 151,1 bilhões de litros de água, que não entrou nos mananciais que formam o reservatório, representa 15,3% do total do sistema, sem levar em consideração as duas reservas técnicas. Excluindo os volumes mortos dessa conta, que estão abaixo do nível normal de captação de água das represas, o Cantareira está 23,7% no negativo.

A projeção de demanda da companhia também apostava em outros cenários. Caso chovesse 75% da média esperada, o reservatório chegaria ao fim de abril com 148,8 bilhões de litros, recuperando o volume morto utilizado.

Já na previsão mais otimista da empresa, o Cantareira poderia chegar a 369,75 bilhões de litros de água, o que poderia deixar o reservatório em 37,6% da capacidade, já preenchendo o volume morto utilizado.

Mas a situação é completamente diferente das expectativas da Sabesp. “O que estamos vendo agora é que a situação é pior do que 2013 e 2014”, disse o diretor metropolitana da Sabesp, Paulo Massato.

Agora, sem as chuvas esperadas no mês de janeiro, que está mais seco do que o mesmo mês de 2014, o governo estadual aposta em usar água da represa Billings para tentar driblar a crise na Grande São Paulo.

Sem água no Carnaval
Já no Rio de Janeiro, a crise hídrica pode afetar a maior festa anual na cidade, o Carnaval. Assombradas pelo fantasma do racionamento de água – que deve ocorrer caso não chova nos próximos meses e os níveis dos reservatórios continuem baixando – as escolas de samba do Grupo Especial do Rio vêm reavaliando projetos que previam o uso de água em alegorias.

A Unidos do Viradouro, por exemplo, que usaria 40 mil litros de água em seu primeiro carro, decidiu reduzir para 10 mil litros em reunião realizada na segunda-feira (26). Já a União da Ilha do Governador se antecipou à crise. Segundo seu presidente, Ney Filardi, quando foi projetado o último carro da escola, pensou-se na utilização de 3.500 a 4.000 litros de água para representar a fonte da juventude. Mas o projeto foi modificado.

“Diante das dificuldades, decidimos dizer não ao desperdício. Não vamos mais utilizar água neste carro e nem no tripé da banheira de Cleópatra. Na última alegoria, optamos pela utilização de efeitos de luz e outros efeitos”, disse o presidente.

Estação Primeira de Mangueira, Imperatriz Leopoldinense, Unidos de Vila Isabel,Unidos da Tijuca  e Beija-Flor de Nilópolisinformaram que não vão usar água em suas alegorias. A Mocidade Independente de Padre Miguel, que já fez um enredo sobre ela, também não vai usá-la em seu desfile.

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