Histórico

Aprovação do pacote é apenas o primeiro passo para solucionar crise

Presidente Bush e economistas concordam que ainda há muito a ser feito para recuperar economia americana

Depois da aprovação do pacote no Congresso americano – e a conseqüente promulgação pelo presidente George W. Bush – o mundo agora aguarda o desenrolar da crise nos Estados Unidos. Uma coisa é certa: os efeitos do plano de 700 bilhões de dólares não serão sentidos de imediato. Foi o próprio presidente quem deixou claro que a medida não resolverá os problemas da economia americana, mas destacou que a lei é essencial para ajudar o país a sobreviver à crise. “Os cidadãos devem se preparar, porque vai levar um tempo até os impactos completos dessa lei serem sentidos na economia”, advertiu Bush.

Economistas brasileiros concordam. Para, Alvaro Bandeira, de uma corretora paulista, a queda da bolsa logo após o anúncio da aprovação do pacote expôs ainda mais a gravidade da crise. Deixa claro que o plano de salvamento ratificado pelo Congresso apenas apagou o incêncio, mas que muita coisa ainda precisa ser feita até que a economia mundial se recupere plenamente. “A crise tomou uma proporção sistêmica que atinge o mundo inteiro. Tivemos um pacote para os Estados Unidos, mas muitas ações conjuntas precisarão ser feitas em outras países. O crédito sumiu, o dólar sumiu. Já temos cenário de recessão nos Estados Unidos, no Japão e na Europa. Os emergentes também com certeza não ficarão imunes”, disse.

Ou seja, a queda nas bolsas do mundo inteiro pode ser explicada pela percepção de que o pacote é insuficiente para evitar que a economia americana entre em recessão. Para o especialistas Miguel Daoud, a expectativa do plano foi equivocada. “O pacote não é a cura da doença, visa apenas combater os sintomas”, alertou. Segundo o economista, especialmente em tempos de crise, o mercado financeiro se comporta como um “paciente maníaco-depressivo”, que alterna momentos de euforia e profundo pessimismo.

As repercussões do mercado ao plano já levam o governo brasileiro a estudar a utilização das reservas internacionais para abrir linhas de financiamento no exterior para os exportadores, em valor de até 10 bilhões de dólares. A idéia faz parte do arsenal de alternativas mapeadas pela equipe econômica para enfrentar o impacto da crise internacional, apresentadas nesta semana ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nenhuma medida, porém, será adotada antes de uma semana ou dez dias, prazo que o governo considera necessário para esperar os efeitos das medidas já tomadas e para sentir a reação do mercado à aprovação do pacote.
A Câmara de Representantes dos Estados Unidos aprovou o pacote de resgate do sistema financeiro por 263 votos a 171. Para dobrar os republicanos contrários ao pacote, o Senado já havia aprovado na quarta-feira um projeto revisado, que prevê US$ 152 bilhões em incentivos fiscais para empresas, além do custo inicial de US$ 700 bilhões. Entre as mudanças, está o aumento no limite do seguro federal para contas correntes, de US$ 100 mil para US$ 250 mil, válido por um ano, e a prorrogação de vários incentivos fiscais para empresas.

Compartilhar Post:

Baixe nosso aplicativo