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Aumentam os deportados que retornam ilegalmente

Muitos arriscam-se a voltar por causa de bens e de familiares

Aumentam os deportados que retornam ilegalmente

Depois de atracar bem ao sul da avenida Camino Real Boulevard, em Boca Raton, muitas (mais de uma dezena) pessoas saíram correndo da embarcação e entraram em veículos que os esperavam. A maioria era formada por imigrantes indocumentados, e quatro deles haviam sido deportados anteriormente.

Cada vez com mais frequência, os estrangeiros deportados recorrem a contrabandistas para regressar aos Estados Unidos, seja em embarcações que chegam às costas do sul da Flórida ou caminhando através da fronteira com o México.

Números publicados recentemente indicam que os casos federais que estão sendo processados nos tribunais contra estrangeiros previamente deportados aumentaram consideravelmente em todo o país.

Os processamentos penais por reingresso ilegal aumentaram de um total de 7,900 no ano fiscal 2000 para 35,800 no ano fiscal 2010, segundo relatório recente do Centro de Política de Imigração (IPC) com sede em Washington.

O relatório assinala ainda que aproximadamente 44 por cento de todos os casos penais por violação das leis de imigração nos tribunais federais do país são na verdade por reentrada ilegal.

Vários advogados de imigração disseram que muitos dos imigrantes deportados regressam ou tentam regressar, apesar da ameaça de ação penal, porque têm propriedades aqui ou querem reunir-se com suas famílias que ficaram nos Estados Unidos.

“Muitos deles têm raízes na comunidade”, disse Wilfredo Allen, advogado de imigração em Miami. “O problema se deve ao aumento nas deportações sob a administração do presidente Obama de criminosos estrangeiros que antes haviam sido residentes permanentes, e que deixaram para trás propriedades ou familiares que são cidadãos americanos e não querem mudar para o país do deportado.”

Roberto Pérez Hernández, guatemalteco de 32 anos, foi devolvido recentemente ao seu país depois de ser detido pelas autoridades de imigração em Homestead no início de abril. Pérez Hernández havia sido deportado anteriormente mas regressou porque deixou em Homestead sua esposa Guadalupe e dois filhos, um de 7 anos e outra de 6, ambos nascidos nos Estados Unidos. “Voltou para me ajudar com as crianças”, disse Guadalupe.

O aumento das ações contra os deportados que retornaram também reflete-se no fato de que as autoridades de imigração considerar como prioritário expulsar ou processar penalmente os estrangeiros que foram anteriormente deportados.

Se são declarados culpados, os estrangeiros acusados de reingresso depois da deportação podem ser condenados até dois anos na penitenciária federal e ser deportados de novo.

Alteração na política

Enquanto o Congresso se prepara para debater a reforma imigratória, um projeto de lei do Senado se convertido em lei alteraria a política de reingresso.

Isto permitirá aos estrangeiros que foram deportados solicitar permissão para regressar se tiverem um cônjuge cidadão ou filhos cidadãos, e não possuam antecedentes penais.

O incidente de Boca Ratón em 21 de fevereiro foi um entre as centenas de casos de reingresso que os promotores federais apresentaram perante os tribunais durante os últimos quatro anos em Miami. Números do Gabinete da Promotoria Federal em Miami mostram que os casos aumentaram de 39 no ano fiscal 2011 para 57 de 2012.

Quase toda a semana entra um caso de reingresso na pauta dos juízes federais no sul da Flórida.

Os casos incluem, em sua maioria, deportados que regressaram em embarcações, como é o caso de Boca Ratón, ou atravessando a fronteira com o México.

Talvez um dos casos de reingressos mais dramáticos nos últimos tempos foi o episódio em Boca Ratón em 21 de fevereiro, quando foram detidos vários brasileiros.

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