Histórico

Balanço mostra que Gilberto Gil ampliou verbas para cultura

Ex-ministro também internacionalizou a pasta

O cantor Gilberto Gil sempre fez questão de dizer, numa alusão a um antigo integrante do primeiro escalão do governo, que “estava ministro da Cultura”, pois era um artista ocupando o cargo. Mesmo assim, tendo deixado a função no último dia 30 de julho, o baiano pode se gabar de ter feito uma excelente gestão nos últimos cinco anos. O seu maior mérito foi aumentar a verba da pasta em mais de 100%. O anúncio da saída foi feito a Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, e o próprio Gil admitiu que o presidente ficou “triste”.

Gil havia reassumido o ministério no mesmo dia em que entregou o cargo, depois de encerrar suas férias de um mês. Neste tempo ele cumpriu uma rotina de shows já marcados previamente e incluiu a cidade de Miami na turnê ‘Banda Larga. Ou seja, o show no Jackie Gleason Theater, no dia 5 de julho, foi um dos últimos de Gil ainda ministro. Durante a turnê, ele deu indicações de que sairia do ministério para retornar à principal atividade de sua vida.

Baiano de 66 anos, cantor, compositor e integrante do movimento Tropicalista, Gilberto Gil estava desde 2003 na pasta, ano do primeiro mandato de Lula. Ensaiou, por mais de uma vez, deixar a pasta. A última tentativa foi no final do ano passado, quando sofria problemas com sua voz, mas acabou ficando após pedidos de Lula e da classe artística. O próprio Lula definiu a situação: “Tenho que admitir que Gilberto Gil não é imprescindível apenas para a política”. Para Sérgio Mamberti, amigo do cantor e secretário da Identidade e da Diversidade Cultural, Gil é hoje a maior liderança internacional da cultura, é a liderança do Brasil”.

Mas o ministro enfrentou muitas dificuldades nestes cinco anos, principalmente com relação às críticas de que não poderia conjugar as duas carreiras, a política e a musical. Mas a verdade é que tanto de terno e gravata em eventos pelo mundo quanto nos palcos de seus shows, jamais um ministro divulgou tanto a cultura brasileira, como um verdadeiro embaixador. Quem não se lembra da apresentação durante um encontro da Assembléia Geral da ONU, em Nova York, em 2003, quando Gil cantou e tocou com o então secretário-geral, Kofi Annan. O ministro também foi o “garoto-propaganda” do Ano do Brasil na França, em 2005, com impacto na área cultural, comercial e turística.

Investimentos foram de 1,6 bilhão

Entre os feitos dos quais deve se orgulhar, além é claro dos prêmios Grammy que conquistou na carreira (dois na categoria World Music, em 1998 e 2006, e dois Latinos em 2001 e 2002), Gil pode dizer que conseguiu aumentar a verba do ministério em cerca de 130%. Ao assumir o cargo, em 2003, os investimentos na área cultural giravam em torno de 706 milhões de reais, mas pularam para mais de 1,6 bilhão de reais em 2007.

A pasta agora ficará nas mãos do até então secretário-executivo do ministério, Juca ferreira. “Ele é o ministro interino, mas há a forte tendência que o presidente o mantenha na função”, disse Gil, na despedida. E, finalmente, pôde ir embora com a sensação do dever cumprido. “Há o sentimento de certa perda, porque foram cinco anos fazendo parte de um governo historicamente importante, marcante para o Brasil. Mas a decisão foi tomada de forma madura e consciente”. O melhor de tudo é que o Brasil e o mundo voltam a ter um dos maiores artistas da MPB em tempo integral.

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