Histórico

Boas perspectivas para Genario e Osilene

Depois de 42 dias preso no Broward Transitional Center (BTC), Genario Vitória conseguiu ser liberado

A alegria de Genario Vitória era evidente na ante-sala do consultório do advogado Eduardo Cifuentes, na última quarta-feira. Finalmente, ele deixou o BTC, na Powerline, e pôde reencontrar sua esposa grávida e seus dois filhos em liberdade, mesmo usando uma tornozeleira eletrônica na perna esquerda.

Ele ainda se lembra do fatídico 14 de junho, dia em que foi detido e levado para o BTC por uma mera infração de trânsito, na qual sequer estava envolvido. “O policial quase me liberou, mas infelizmente na última tentativa alguém do ICE atendeu à ligação e ele acabou me levando”, contou o brasileiro.

No BTC, Genario diz ter sido bem tratado pelos oficiais do ICE durante o período em que ficou detido. A população era flutuante, mas em média cerca de 600 estrangeiros ocupavam as celas do centro de detenção. “Tínhamos direito a três refeições diárias e uma cantina onde se podia comprar outros alimentos. Vi muitos brasileiros lá, sobretudo aqueles vindos de Boston”, acrescentou o mineiro de Ituetá.

Ao seu lado, a esposa Osilene Teixeira no se continha de felicidade. Depois de sete semanas atribuladas, ela tem de volta o marido e o pai de seus filhos. Do lado de fora, Osilene não parou de lutar pela libertação de Genario. No último evento realizado no sábado passado no Restaurante Oba Oba, ela arrecadou US$1,600. Por isto, faz questão de agradecer todos aqueles que colaboraram para minimizar seu desespero: “Fiquei realmente agradecida com muita gente da comunidade, conhecidos e desconhecidos, que me apoiaram neste momento tão difícil”.

Há esperança para o caso dele

Na sala do advogado Eduardo Cifuentes, Genario e Osilene tiveram boas notícias. Agora, que ele já está devidamente fichado, inclusive usando a tornozeleira eletrônica, fica mais fácil para o Serviço de Imigração acompanhar sua rotina.

Cifuentes aconselhou o casal a colocar um telefone com linha fixa na residência deles, porque isto pode acelerar o processo para a retirada da tornozeleira. Sobre o processo, ele é mais cuidadoso: “É um caso que vai levar muito tempo, mas temos de adotar a estratégia de seguir passo a passo”. Traduzindo: entra com uma petição, aguarda o resultado. Se o juiz aprovar, entra-se com nova petição. Caso venha uma negativa, entra-se com uma apelação.

Esta tática protelatória garante mais tempo para Genario Vitória e sua família permanecer em território americano. Com a vantagem de que agora estará devidamente documentado. Por estar em processo de imigração, ele terá direito a receber a permissão de trabalho, o que lhe dará direito a solicitar a carteira de motorista e o social security benefício estendido para sua esposa. Em junho deste ano, saiu uma emenda de lei que permite a alguém com ordem de deportação permanecer nos EUA enquanto seu processo está sendo julgado.

Sobre a obtenção do green card, Cifuentes é mais cauteloso. Genario encaixaria-se na Lei dos 10 Anos por viver aqui há dez anos, ser um cidadão honesto e trabalhador e pai de duas crianças americanas. Entretanto, o fato de não ter comparecido à uma corte de imigração em Boston, sete anos atrás, complicou seu caso. Mas pode ser que durante o tempo do processo seja aprovada alguma lei que beneficie os imigrantes indocumentadas.

Osilene Teixeira lembra que a felicidade dos filhos em ter o pai de volta em casa é indescritível: “Eles ficam perguntando se o pai vai voltar para a prisão, porque não querem mais se separar dele”. E a prole pode aumentar. Ela está grávida do terceiro filho e, por conta do stress ao qual foi submetida, os médicos estão acompanhamndo bem de perto seu pré-natal.

As crianças, aliás, são o grande trunfo de Genario Vitória. “Até mesmo um oficial de imigração me disse que tenho grandes chances de ficar aqui por causa dos meus filhos. E ele enfatizou: por causa das criançaas”.

Agora, ele nem quer se preocupar com isto. Apenas quer voltar o mais rapidamente ao trabalho para poder sustentar a família e deixar o futuro a Deus. “Tenho certeza que Deus olhará por nós”, falou. Nada mais cristão e verdadeiro.

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