Histórico

Brasil é 11º em ranking de mortes de jornalistas

O Brasil ocupa o 11º lugar em uma lista de países onde mais morreram jornalistas nos últimos dez anos.

Segundo o levantamento do Instituto International News Safety, baseado em Bruxelas, 27 jornalistas foram mortos no Brasil entre 1996 e 2006.

Mil profissionais de imprensa morreram no mundo neste período, quase a metade deles (456) a tiro ou em explosões (101), trabalhando em campo (681) ou nos arredores do escritório (117), revelou o relatório.

No entanto, mostrou a pesquisa, a grande maioria das mortes (731) ocorreu em tempos formalmente de paz. Pouco mais de uma em cada quatro foi em conflitos armados internacionais ou nacionais.

“Surpreendentemente, mesmo em zonas de guerra, assassinatos, e não acidentes, são a principal causa de morte de jornalistas. Por assassinato, quero dizer a morte deliberada e a sangue frio de um jornalista”, escreveu, no prefácio do relatório, Harold Evans, ex-editor dos britânicos The Times e Sunday Times.

“Quando um correspondente de guerra morre no exterior, é uma experiência devastadora para a família e os colegas; como editor, perdi três repórteres assim. Mas a maioria das mortes de jornalistas não é má sorte. São assassinatos planejados.”

O topo da lista foi ocupado pelo Iraque, onde 138 profissionais de imprensa morreram, seguido pela Rússia, onde as mortes chegaram a 88.

Na Colômbia, que ocupou a terceira posição, 72 jornalistas morreram nos últimos dez anos.

Em todos esses lugares, apontou o texto, co-existem “a corrupção, a ausência da lei e uma cultura de impunidade para aqueles que cometem atos de violência contra os trabalhadores da mídia”.

Impunidade

Os casos da Rússia e da Colômbia são destacados no relatório como situações em que “a distinção entre ausência da lei, instabilidade e guerra civil não aparece à primeira vista”.

“Há um grande problema na Rússia. Há apenas poucos dias, um jornalista morreu em circunstâncias misteriosas, e se estamos desconfiados, quem podemos culpar? Treze jornalistas morreram desde que o presidente Vladimir Putin chegou ao poder, e nunca houve condenações”, disse o diretor do Instituto, Rodney Pinder.

Ele se referia à morte do jornalista Ivan Safronov, que trabalhava para o Kommersant. O jornalista morreu na semana passada depois de cair do seu apartamento, no quinto andar de um prédio em Moscou.

Dos 731 jornalistas mortos “em tempos de paz”, 97 estavam apurando casos de corrupção e 46 preparavam matérias de política, mostrou o relatório.

Nove entre dez jornalistas mortos são profissionais originários dos países onde morrem, de acordo com os dados.

Em uma das estatísticas, a organização excluiu as mortes por acidentes, fogo-cruzado, não-especificadas e por causas naturais, e conclui que, do restante, em 87% dos casos nenhum procedimento legal foi levado a cabo para esclarecer o crime.

“O preço pelo assassinato (de um jornalista) diminuiu”, escreveu o ex-editor Harold Evans.

“Raramente esses crimes em nível local atraem atenção internacional. O assassinato em Moscou de Anna Politkovskaya, que investigava os abusos de tropas Russas na Chechênia, provocou revolta internacional, mas a maioria dos jornalistas morrem no anonimato.”

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