Histórico

Brasileira começa campanha na internet e chega a 10 países

Kátia Garcia usa o Facebook para divulgar casos de brasileiros com leucemia que precisam de um doador

Joselina Reis

Quando soube que a irmã tinha leucemia, Kátia Garcia começou a procura por um doador, mas em nove meses não encontrou nada e a irmã de 35 anos acabou morrendo. A experiência fez com que ela não parasse a procura por doadores e há três anos ela encabeça a campanha “Leucemia Zero no Brasil e no Mundo” que já conseguiu apoio de voluntário em 10 países, incluindo Argentina, Japão, Estados Unidos e Portugal. “Fazemos tudo pelo Facebook e cada dia conseguimos mais apoio”, conta ela que mora em Itariri (SP), cidade de 15 mil habitantes.

De Itariri para o mundo, com ajuda do Facebook, foi um pulo. Kátia logo viu que brasileiros com leucemia à procura de um doador precisavam de ajuda nos quatro cantos do mundo. Por isso, cada ‘missão de apoio’, como são chamadas as páginas do Facebook de cada país, adicionam fotos de pacientes locais. “Eu coordeno daqui, mas acho importante colocar coisas de lá… vejo que até o modo de escrita é diferente do jeito que escrevemos aqui”, lembra ela que os responsáveis pelas páginas no exterior também têm ajudado estrangeiros na mesma situação.

Tudo é feito em português. Diariamente, Kátia divulga fotos de pessoas que estão na fila no Brasil à espera de um doador. Ao todo, a campanha está ajudando no momento cerca de setenta pessoas. No Brasil, que tem o terceiro maior banco de médula do mundo, atrás de Alemanha e Estados Unidos, cerca de dois milhões já estão cadastradas prontas para ajudar.

Mesmo assim, pelo menos 1500 estão na fila à procura de um doador compatível. O tempo de espera pode chegar a seis meses, o que pode ser muito tarde. “Nós divulgamos os que precisam de médula e os falecimentos também. Esses pacientes são guerreiros. Mas infelizmente muita gente não sabe que pode salvar vidas”, lamenta.

Quem precisa de transplante de medula tem três opções, dependendo da doença: coletar no próprio corpo as células-tronco que vão regenerar a medula; receber de parentes ou de desconhecidos. Entre irmãos, a chance de compatibilidade é de 25%. Daí a importância de aumentar o número de doadores constantemente. “Um doador compatível pode estar do outro lado do mundo sem saber que seu sangue pode salvar uma pessoa da morte”, lembra a brasileira que tenta todos os dias conscientizar seus seguidores pelo Facebook a conseguir mais e mais doadores.

As células-tronco da medula, um tecido que fica dentro do osso, podem ser coletadas de duas formas: por meio de punções, furinhos no osso da bacia ou pela veia. A medula óssea do doador se recompõe em menos de um mês, mas em 48 horas o doador já está apto a exercer suas atividades normais.

Nesses três anos de campanha com recursos próprios, Kátia lembra que as histórias continuam a emocionar. “A gente se apega muito a eles, acompanha a trajetória de luta. Umas das histórias mais marcantes foi do Matheus Cony. Ele estava muito perto de fazer o transplante, mas infelizmente não conseguiu. Mas há outros: o Felipe Veles, Ana Carolina… há pouco tempo o Raimundo, são muitos. Todos muito marcantes, cada qual com uma história de luta”, conta emocionada.

A página no Facebook (www.facebook.com/LEUCEMIAZERONOBRASILOFICIAL) já tem mais de 46 mil seguidores. Um dos pacientes que a campanha ajuda é o menino brasileiro Felipe Wolff, de cinco anos, que vive em Massachusetts. Ele sofre de três doenças raras, sendo uma delas a leucemia, descoberta ano passado. Ele precisa de transplante e está à procura de um doador.

Nos Estados Unidos, os interessados em ajudar pacientes que precisam de um transplante de medula óssea devem cadastrar-se em um banco nacional de medula pelo site http://join.marrow.org/roo99. Para ser um doador de medula óssea, o voluntário precisa ter de 18 a 44 anos e ser saudável.

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