Histórico

Brasileiro condenado a 40 anos de prisão

Joel Lemos colocou uma bomba no carro de um conterrâneo em Sommerville

Quase três anos após o crime que chocou a comunidade brasileira, um tribunal de Massachusetts condenou o catarinense Joel Lemos a 40 anos de prisão numa cadeia estadual por ele ter atentado contra a vida de um conterrâneo e ex-funcionário, o mineiro José Fernando Araújo do Carmo. No feriado de Ação de Graças de 2005, Lemos colocou uma bomba no carro do mineiro como forma de vingança. O artefato explodiu e o mineiro passou 37 dias em coma e só sobreviveu por milagre.
O catarinense foi acusado de oito crimes, entre eles ataque armado com intenção de matar e intenção de plantar material explosivo perto de uma pessoa ou propriedade.
Já José Lemos, que estava na Corte acompanhando o julgamento, foi submetido a 10 cirurgias plásticas corretivas no rosto e perdeu as pálpebras dos dois olhos. “Minha vida virou um pesadelo depois do que aconteceu. Agora estou mais aliviado”, disse o brasileiro após a sentença.
Esta trágica história teve início em 2005, quando Joel Lemos, que vive nos Estados Unidos há 20 anos e era dono de uma pizzaria na cidade de Sormeville (MA), precisou se ausentar do país por problemas de sonegação de impostos. Da Inglaterra ele orientava a mulher a administrar os negócios, mas logo descobriu que ela estava tendo um caso com o mineiro, que trabalhava no estabelecimento. Ao voltar para Massachusetts, ele resolveu colocar a bomba no porta-malas do carro de Fernando. O impacto da bomba acabou provocando um incêndio no duplex em que ele morava, colocando em risco a vida de 12 pessoas, incluindo duas crianças.
Durante os últimos meses, os advogados do catarinense tentaram, inclusive junto ao Itamaraty, a extradição de Joel. De acordo com o advogado do caso, Osvaldo Agripino de Castro Junior, o decreto lei nº 394, de 1938, poderia abrir esta possibilidade. De acordo com a legislação, que é de 1938, os brasileiros que cometem crimes contra compatriotas no exterior têm o direito de responder ao processo no próprio país de origem. Problemas de burocracia nos trâmites, porém fizeram com que ele fosse condenado nos Estados Unidos antes. “A pena de 40 anos foi muito severa para o tipo de crime. Na verdade, existem dois pesos e duas medidas, porque no Brasil um americano nunca pegaria pena tão grande”, lamentou Osvaldo Agripino Júnior, advogado de Lemos.
Durante um tempo falou-se que a acusação contra Joel era de terrorismo, mas a família sempre rechaçou a tese e dizia que o crime foi passional, já que ele estava envolvido em um triângulo amoroso. A hipótese de terrorismo ganhou força porque Joel guardava entre os seus pertences um exemplar do Alcorão – o livro sagrado dos muçulmanos – e desenhos e instruções de como construir bombas. “A família é toda evangélica e o livro foi presente de um amigo”, justificou a mãe de Joel, Deomir Lemos, na época. O caso teve repercussão internacional.

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