Francisco Fernando Cruz teria enviado email com ameaça de bomba em um voo de Miami ao Brasil
A Justiça americana indiciou o brasileiro Francisco Fernando Cruz, de 22 anos, por ameaça à aviação. A audiência aconteceu na quarta-feira (15) em Miami, onde ele está preso desde o dia 9 de janeiro. O sorocabano é acusado de enviar e-mails à polícia e à TAM sugerindo haver bomba em um voo da TAM com destino a Brasilia, voo em que ele mesmo iria embarcar.
De acordo com o Itamaraty, o julgamento de Francisco nos EUA é inevitável e seu defensor será escolhido pelo governo americano. O governo brasileiro poderá apenas acompanhar o caso.
A mãe de Francisco, Cláudia Cruz, de 42 anos, informou que vai tentar contratar um advogado, mas a família não tem recursos. Durante a semana ela foi à imprensa reclamar que não tinha contato com o filho, mas o caso foi resolvido na quinta-feira (16) quando o estudante ligou para a mãe.
A conversa, segundo ela, foi rápida, durou pouco mais de um minuto, por causa dos créditos que ele tinha para falar. No dia anterior, a família teve que fazer um depósito numa conta internacional para pagar pelo telefonema do filho.
De acordo com a mãe, ele disse que estava bem, mas que não tem ideia de quando vai poder telefonar de novo ou quando vai voltar ao Brasil.
Para o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o caso do estudante é complexo por ser enquadrado na lei antiterrorismo americana. Após os ataques de 2001, as regras ficaram mais duras quanto a qualquer tipo de ameaça que possa ser considerada terrorismo.
O indiciamento foi decidido em audiência considerada pré-julgamento, realizada nesta terça-feira (14). Outra audiência está prevista para o dia 24 do mês de janeiro. O estudante pode ser condenado a até cinco anos de prisão, além de multado em US$ 250 mil.
‘Desafio’
Os e-mails com ameaças de bomba a um voo enviados pelo brasileiro tinham a intenção de desafiar a polícia norte-americana, de acordo com o ‘Criminal Complaint’, espécie de boletim de ocorrência, registrado no dia 10 de janeiro em um distrito policial em Miami. O documento da polícia americana é assinado pelo agente especial do FBI (Polícia Federal americana) Affell Grier Jr. e pelo juiz Patrick A. White.
De acordo com o relato do agente do FBI, que participou da prisão do brasileiro, Cruz confessou que enviou os e-mails para ver se teria resposta das autoridades às suas mensagens.
As duas mensagens do brasileiro diziam que o voo da TAM – JJ8043 – não deveria decolar. As autoridades americanas descobriram que os e-mails partiram de dois computadores da cidade de Montclair, em Nova Jersey. Um dos computadores, instalado em uma universidade, registrou a imagem de Francisco. O outro estava instalado no lugar onde ele morava.
O brasileiro foi detido na hora em que embarcava exatamente no voo que ele ameaçava derrubar. A polícia não encontrou na bagagem dele nenhum dispositivo que pudesse de fato provocar algum acidente.