Histórico

Brasileiro é o novo líder da Organização Mundial do Comércio

Roberto Azevêdo é o primeiro brasileiro a ocupar um cargo tão importante entre os organismos internacionais

Roberto Azevêdo

O embaixador brasileiro Roberto Azevêdo é o novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio. Seu nome foi oficializado na quarta-feira (8) na sede da organização em Genebra. Azevêdo assume em setembro e já no início de dezembro estará em Bali para sua primeira grande reunião como novo diretor-geral da organização. Seu mandato será, inicialmente, de quatro anos com a missão de colocar a entidade novamente nos trilhos que, segundo ele mesmo, “está num momento crítico”.

Ao todo, 158 países puderam participar da escolha. Fontes do governo brasileiro computaram, pelo menos, 93 votos dos 159 países-membros ligados à OMC. Nações da África e os demais parceiros do Brasil no Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul) tiveram um papel decisivo no processo.

No início eram nove candidatos e, no final, apenas dois. Azevêdo ganhou do mexicano Hermínio Blanco para suceder o francês Pascal Lamy, que está no cargo desde 2005. O brasileiro contou com o apoio dos países emergentes e em desenvolvimento, enquanto o outro candidato era visto como candidato dos países ricos. Mesmo assim, EUA e União Europeia avisaram que não teriam problemas com uma gestão do brasileiro.

O novo diretor-geral também destacou a importância da América Latina e disse que isso ajudou na sua eleição. “Trata-se de uma região cada vez mais influente no comércio mundial. É um forte ator nas negociações. E eu acho que essa crescente participação nas negociações é uma consequência natural”, afirmou.

Roberto Azevêdo ganhou, em grande parte, porque é visto como um diplomata. O brasileiro foi o escolhido para liderar a instituição internacional que tem influência na vida de todos os países e que, segundo ele, passa por um momento de “paralisia nas conversas”. “É uma questão de sentar em torno da mesa e tentar encontra a solução com uma mentalidade aberta e com disposição pra diálogo. Trazer as pessoas à mesa não é tão difícil. Trazer as pessoas à mesa querendo encontrar uma solução é outra história, e é isso que nós vamos tentar fazer”, afirmou o novo diretor-geral eleito da OMC.

Em entrevistas, após sua nomeação, Azevedo disse que sua principal missão será recuperar o prestígio da entidade, que perdeu peso após a crise financeira global, tentando ressuscitar as negociações multilaterais em um mundo que partiu para o bilateralismo e ficou mais protecionista.

Histórico e currículo

A eleição de Azevedo foi uma vitória para o Brasil, mesmo que a presidente Dilma Roussef acredite que quem realmente ganhou com isso foi a OMC. “Não é uma vitória do Brasil, nem de um grupo de países, mas da OMC”, garantiu a presidente durante seu pronunciamento agradecendo os votos dos outros países na candidatura de Azevêdo.

É a segunda vez que o Brasil tenta emplacar um compatriota no comando do órgão. Em 2005, quando Pascal Lamy foi eleito, o Brasil lançou Luiz Felipe de Seixas Corrêa para o posto. Desde sua fundação, em 1995, nunca um brasileiro ocupou a presidência da OMC, responsável por conduzir as rodadas que visam à liberalização do comércio mundial.

Um dos grandes desafios do novo chefe da OMC será reativar as negociações da Rodada Doha, em que o Brasil negocia para derrubar subsídios agrícolas em países desenvolvidos como forma de dar mais competitividade às mercadorias do País.

Azevêdo é diplomata de carreira, tem 55 anos e está no Itamaraty desde 1983. Desde 2008, ele é o representante do Brasil no órgão e atua como “negociador-chave”. Antes, ocupou diversos cargos relacionados a assuntos econômicos no Ministério das Relações Exteriores além de chefiar a delegação brasileira na Rodada Doha.

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