Histórico

Brasileiro vive aventura ao viajar por 16 países em cima de uma moto

Sem comunicar a família, Waldeir Lima pegou a moto e saiu. Voltou só depois de cruzar os EUA, as Américas Central e do Sul

Joselina Reis

moto“Um dia eu faço.” – pensava Waldeir.

Enquanto muita gente mantém os sonhos guardados e a espera que um dia as oportunidades apareçam para que eles possam ser concretizados, o brasileiro Waldeir Lima, 48 anos, conhecido como Waldeir Suzuki, resolveu colocar seu sonho em prática. Num belo dia em novembro de 2011 ele acordou, pegou a sua moto e resolveu cruzar a América Latina. Levou 58 dias, segundo ele porque não tinha planejado nada e seguiu a intuição para encontrar o caminho de Tupaciguara, em Minas Gerais, seu destino final.

“Quando minha esposa ligou para saber se iria almoçar em casa, já era tarde. Eu estava cruzando o estado de New York”, lembra ele com orgulho de ter tomado a iniciativa, mesmo que repentina. “Não me arrependo”, garante.

Quatro dias depois de sai de Boston sobre sua moto uma Suzuki V Strom 1000 ele chegou ao México. A partir daí é que a aventura realmente começou. Ele chegou no momento que o país contava os mortos de uma chacina que tomou conta do noticiário no mundo inteiro.

“Em todos os lugares onde passei usei a bandeira do Brasil como minha arma”, conta ele, que foi bem recebido na maioria dos países. Apenas em Honduras teve problemas. Mais uma vez, Waldeir chegou em um momento de tensão numa localidade. Os hondurenhos ainda se lembravam da ajuda que a embaixada brasileira tinha dado ao presidente deposto Manuel Zelaya e tentaram arrancar a bandeira brasileira de sua moto. Lima teve que ser escoltado pela polícia.

motoCom pouco dinheiro no bolso (a viagem inteira custou cerca de $30 mil, incluindo o preço da moto), continuou viagem. Mas foi no Panamá que veio o primeiro grande susto, ao cruzar o famoso canal. Waldeir teve que esperar por dias até que um navio cargueiro lhe desse uma carona por um preço acessível. “Pensei que minha viagem ia acabar ali. Estava cansado e cruzar o canal parecia uma espera muito longa para mim”, lembra.

Obstáculo vencido, lá foi ele com destino a Minas Gerais. No entanto, para chegar à casa da família em Tupaciguara teria que passar por outros países da América do Sul, enfrentando fome, cansaço, animais na pista e até guerrilheiros.

De volta à estrada, Waldeir começou a colecionar suas fotos da viagem, fazer amigos e reunir histórias para contar. Quando chegou à fronteira com a Colômbia, ele foi “gentilmente” recebido pelos guerrilheiros da Farc (Força Revolucionárias da Colômbia). Após explicar sua aventura aos guerrilheiros armados ele recebeu um sinal verde, com o pagamento de uma taxa de $100, para seguir viagem. Não antes de colocar um selo no capacete, mostrando que os guerrilheiros tinham permitido sua entrada no país.

“Vi lugares maravilhosos, lindos, mas também muito perigosos”, lembra Waldeir, que trabalhava como açougueiro em Boston e agora procura emprego no sul da Flórida. Quando se deparou com o deserto do Atacama, nem imaginava que o hotel ou restaurante mais próximo não existiam. “Tive que dormir ao ar livre e quase fui atacado por lobos”.

Durante a viagem de 58 dias ele trocou os pneus duas vezes, trocou óleo da Suzuki onze vezes, perdeu 25kg e dirigiu por 12 mil milhas até chegar a Tupaciguara (MG). A caminho, nem imaginava que a sua aventura traria tanta repercussão. Após dar entrevistas em rádio e TV pela América Latina, ele agora está em negociação com uma TV brasileira

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