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Brasileiros pelo mundo: arte de designer curitibano roda o planeta

Art pop de “Butcher Billy” transforma ícones populares em super-heróis

Designer Bily Mariano da LuzO nome artístico do designer Bily Mariano da Luz, de 34 anos, o “Butcher Billy” é um tanto quanto curioso, algo como “Billy Açougueiro”. Graças à internet e às redes sociais, o “açougueiro” tem tido sua arte publicada em revistas e sites americanos e no resto do mundo por ter uma característica própria. Ele mistura figuras históricas presentes no imaginário popular com super-heróis dos quadrinhos.

Com vários trabalhos em que adota mash-ups (processo artístico de criação a partir de outras obras já existentes, por meio da mistura, combinação, modificação e edição de trechos de duas ou mais dessas obras), Billy relata que desde pequeno “atazanava as tias da escola com desenhos psicóticos e caricaturas subversivas no quadro negro da escola”. Ele encontrou sua verdadeira arte em Londres, na Inglaterra, e reconhece que faz muito mais sucesso fora do Brasil e hoje vive em Curitiba (PR). Confira a entrevista do artista ao AcheiUSA.

AcheiUSA – Conte um pouco da sua história para a gente.
Butcher Billi -Logo após me formar em design eu passei brevemente por algumas editoras, mas logo resolvi largar tudo e ir morar na Inglaterra. Passei três anos em Londres sendo bombardeado por um clash de culturas, que era o que faltava para explodir definitivamente a minha cabeça. Ao voltar para o Brasil eu naturalmente dirigi meus impulsos obsessivos para o meio digital e hoje sou diretor de uma agência.
Da minha história eu posso dizer que fui praticamente criado pela televisão dos anos 80 e tudo que vinha plugado a ela, videogames, videocassete, alienação e nerdice. Sou viciado em cinema, quadrinhos, música, arte e cultura pop em geral. Essas sempre foram as minhas inspirações, mas o que me interessa, de maneira quase obsessiva, é a liquidificação de tudo isso. É conhecer a fundo os conceitos e refazê-los de maneiras subversivas e impensáveis, transformando tudo até virar uma criação autoral.

AU -Em sua arte você mistura ícones da música com figuras conhecidas como super heróis. Qual a mensagem que você quer passar?
BB – Quando eu mexo com ícones e ídolos pop que fazem parte do imaginário coletivo, tenho de estar preparado para qualquer tipo de reação, porque eu estou na verdade mexendo com influências e inspirações – muitos fãs entendem e levam numa boa, já outros não conseguem deixar de manifestar um certo ódio por mim. Eu tenho de confessar que gosto da ideia de polemizar através da manipulação provocativa do imaginário coletivo. Costumo dizer que quando 50% das pessoas adoram um trabalho meu e 50% me odeiam por causa dele, é quando eu me sinto um verdadeiro “artista”.

AU – Como você se sente, vendo sua arte percorrer o mundo?
BB -Tem sido muito interessante ver a repercussão em portais, blogs e revistas estrangeiras, e as reações das diferentes nacionalidades aos conceitos dos projetos. Eu tenho recebido retornos tão diversos que vão desde tablóides ingleses pedindo permissão para publicação off-line até artistas de graffiti de Nova York querendo os arquivos originais para fazer arte de rua.
Uma história curiosa foi uma pequena fábrica na Finlândia querendo negociar as artes para aplicar em pranchas de snowboard. Achei tão legal que cedi os arquivos pra eles e só pedi para me enviarem umas pranchas pra usar como peça de decoração.
Mas de maneira geral eu diria que o meu trabalho repercute e dá frutos bem mais fora do país. Por enquanto parece que um projeto precisa rodar o mundo antes para começar a fazer um certo barulho por aqui. Já tive projetos publicados pelo semanário britânico NME–New Musical Express, MTV americana, Rolling Stone italiana, a Esquire inglesa, os portais americanos Huffington Post e Foreign Policy, e uma variedade de publicações online e offline.

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