Histórico

BTC: A visão de quem já trabalhou no centro de detenção para imigrantes de Broward

Ex-agente do Broward Transition Center (BTC), Breno de Oliveira, garante que as condições dentro da cadeia são satisfatórias

Breno de Oliveira

DA REDAÇÃO – Depois de tantos brasileiros e outros imigrantes reclamarem das condições de encarceramento dentro da cadeia para imigrantes em Broward (Broward Transition Center – BTC), o ex-agente Breno de Oliveira, de 32 anos, procurou o AcheiUSA para contar sua versão dos fatos. Ele garante que os cuidados com os presos são bons, e somente em casos de tensão a tropa de agentes é autorizada a usar a força para manter a ordem. Pelas regras, nenhum agente, policial de imigração, detento ou visitante, pode entrar com câmeras dentro do BTC.

Oliveira conta que trabalhou no BTC entre 2008 e 2012 e só saiu do posto porque conseguiu uma melhor oportunidade de trabalho. Ele inclusive orienta os brasileiros a se inscreveram para o cargo de agente penitenciário. “Os benefícios são ótimos e a gente sempre tenta ajudar os brasileiros lá dentro”, garante.

Ele revela que as reclamações são normais, em vista que a grande maioria dos que vão para o BTC são brasileiros trabalhadores, não acostumados a longos períodos sem contato com a família e com a rigidez de horários. Dentro do BTC a contagem de detentos é feita quatro vezes ao dia, 1am, 4:30am, 12:30pm e 8pm e cada vez que isso acontece os agentes levam pelo menos trinta minutos para identificar todos os detentos. O centro tem capacidade para até mil pessoas. “Fora isso, eles podem andar livremente pelos corredores, não tem grade, cada quarto tem frigobar, microondas e TV”, explica o ex-agente.

O ex-agente Breno de Oliveira garante que não há celas e sim quartos, onde cabem oito pessoas. As mulheres ficam numa ala separada e, segundo ele, vivem em melhores condições que os homens. O prédio tem salão de beleza, a TV é maior e têm direito a dois períodos de banho de sol. Porém elas não participam de atividades com os maridos – apenas duas vezes por semana os casais têm direito a uma refeição em conjunto.

Outras medidas que fazem do BTC diferente de uma cadeia comum, segundo Oliveira, é a possibilidade de receber dinheiro da família para compra de comida ou objetos pessoais dentro das dependências do centro de detenção. O dinheiro fica depositado em uma espécie de conta bancária, e quando o detento é liberado o saldo é devolvido.

No entanto, ele disse, há com certeza problemas como a comida e a dificuldade de ligar para a família. Existem 70 telefones para cerca de 600 internos, o que faz a comunicação com a família e amigos uma corrida contra o tempo. Quanto à alimentação feita pelos próprios detentos, realmente ela deixa a desejar.”É ruim mesmo, eu concordo”, afirmou.

Breno de Oliveira orienta os brasileiros ou qualquer imigrante ilegal a não dirigir sem carteira, pois esse seria um dos principais motivos que levam as pessoas à prisão. Ele lembra que agentes da Policia de Imigração (ICE) trabalham dentro das delegacias. Se o cidadão for levado à delegacia e os agentes do ICE estiverem no local eles podem requerer uma prisão temporária para averiguar a documentação do preso. A partir daí fica difícil sair da delegacia, o mais provável é que vá direto para o BTC. “A solução é ter sempre em mente um telefone de alguém que possa pagar sua fiança e tirá-lo da delegacia antes que os agentes do ICE tomem conhecimento de que você está lá”, revela.

No início do mês de novembro, 500 detentos do BTC firmaram um abaixo assinado – reclamando da demora na revisão dos casos. No documento, divulgado pela ONG www.dreamactivist.org, eles garantem que muitos teriam direito à liberdade por terem documentos ou ter direito ao green card. Os detentos afirmam ainda que alguns pedem para serem deportados, mas a demora do setor judiciário faz com que muitos permaneçam por longo tempo no Broward Transition Center.

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