Histórico

Bush vira fardo para republicanos que disputam vaga no Congresso

O presidente dos EUA, George W. Bush, conquistou a reeleição em 2004 apresentando-se como um líder forte em tempos de guerra.

Mas, na disputa deste ano pelo controle do Congresso norte-americano, a forma como o governo vem administrando a guerra no Iraque deu a muitos eleitores motivos para não votar nos governistas.

O Partido Republicano, de Bush, tenta manter o domínio do Poder Legislativo, mas as pesquisas e análises sugerem que o Partido Democrata (oposição) pode conquistar a Câmara dos Representantes (deputados) e talvez o Senado.

Os republicanos tentam concentrar as atenções nas disputas individuais, na “guerra contra o terrorismo” e na economia, desviando o foco de Bush. Mas os democratas parecem estar conquistando terreno com sua estratégia de capitalizar a impopularidade de Bush entre os eleitores devido à guerra no Iraque.

“Washington está uma bagunça. Bush é terrível e o Iraque, um desastre”, afirmou Bill Caster, 56, de Kansas City, Estado de Missouri.

“Chegou a hora de mudar. Quero demitir todos os republicanos de Washington”, disse o norte-americano, que se descreveu como sendo politicamente independente em um Estado onde o senador republicano Jim Talent está lutando arduamente para não perder o cargo para a candidata democrata Claire McCaskill.

Segundo analistas, tudo se resume à questão do Iraque.

“Nesta eleição (para o Congresso) o presidente tem tido um peso bem maior que o de costume e o fator mais negativo dele, neste momento, é a guerra no Iraque”, afirmou David Bositis, do Centro Conjunto para Estudos Políticos e Econômicos.

Bush e os republicanos enfrentaram esta semana mais notícias ruins. Na terça-feira, 11 soldados dos EUA foram mortos no Iraque em um dos dias mais sangrentos da guerra para os militares norte-americanos. As forças de ocupação, que tentam conter a violência sectária, enfrentam um recrudescimento dos ataques inimigos.

“Ele (Bush) precisa acelerar o passo e sair de lá. Ele está perdendo vidas demais. Por que eles desejam lutar contra essas pessoas pelo petróleo?”, perguntou Paula Lange, de Nova Orleans.

Lange vive atualmente em um trailer, perto da casa que está construindo depois de sua antiga moradia ter sido destruída pelo furacão Katrina.

PESQUISAS DESTACAM ‘FATOR BUSH’

Uma pesquisa da ABC News/Washington Post divulgada na semana passada mostrou que Bush está sendo um fator de influência sobre as intenções de voto bem maior do que nas eleições de 2002 para o Congresso. A insatisfação com o presidente como fator decisivo na disputa duplicou em relação ao pleito anterior.

Dos eleitores registrados, 35 por cento disseram que seu voto para o Congresso seria dado como forma de protesto contra Bush. Já 18 por cento afirmaram que votariam para dar apoio ao presidente. O restante, 47 por cento, disse que Bush não influenciaria sua escolha.

Nas eleições de 2002, 55 por cento dos eleitores em potencial disseram que Bush não desempenhava qualquer influência, enquanto 29 por cento afirmaram que votariam para dar apoio ao dirigente. Apenas 15 por cento disseram, em 2002, votar para protestar contra Bush.

Aquela eleição aconteceu um ano depois de os ataques de 11 de setembro terem unido o país em torno do presidente e mais de três meses antes da invasão do Iraque.

“O presidente é hoje um fator muito mais negativo do que era em 2002”, disse Carroll Doherty, diretora associada do Pew Research Center for the People & the Press.

O vice-presidente norte-americano, Dick Cheney, analisou a eleição deste ano fazendo remissões à história, mas ressaltou que Bush ainda poderia desempenhar uma influência favorável.

“É comum que o governo encontre problemas quando está na metade de seu segundo mandato. Historicamente, essas são as eleições mais difíceis”, afirmou Cheney em uma entrevista concedida na terça-feira no programa de rádio do entrevistador Rush Limbaugh.

“(Mas) quando o povo norte-americano tiver de optar entre nós e os democratas, acho que eles vão acabar optando pelo apoio ao presidente e aos candidatos republicanos”, disse.

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