Histórico

Cadáveres de imigrantes geram problemas no Texas

Cada corpo custa ao condado de Brooks a quantia de 1,380 dólares

Os sonhos dos imigrantes começam em seus países e às vezes terminam para sempre no sul dos Estados Unidos. Isto é o que ocorre em Falfurrias, Texas, onde as autoridades têm problemas de dinheiro e de espaço para enfrentar o crescente número de corpos de indocumentados “anônimos”.

Segundo reportagem da Univisión, o cemitério do condado de Brooks, no sul do Texas, já não tem espaço para os “anônimos”, homens, mulheres e crianças que perderam a vida tentando cruzar a fronteira. Em 2012, o número de cadáveres encontrados na zona chegou a 129, o dobro do ano anterior, reflexo de um problema maior.

“De todos os que estão tentando entrar nos Estados Unidos, 10 por cento ficam aqui. Se calculamos que os 129 sejam 10 por cento, estamos falando de 1,200 mais ou menos”, assegurou Raúl Ramírez, juiz do condado de Brooks.

Dizem as autoridades ser muita despesa o que cada um destes cadáveres representa para um condado pobre como Brooks, de pouco mais de sete mil habitantes.

Em dólares, calculam que cada um destes corpos custa $1,380. A decomposição dos gastos segue este padrão:
$390 por 2 agentes e um administrador para manejar cada caso
$100 para gasolina
$150 da manutenção dos veículos
$740 em gastos com autópsia e funerária

Ele não recebe ajuda federal porque não é um condado fronteiriço, mas ainda assim a lei obriga-o a se livrar dos corpos e a enterrá-los em túmulos como indigentes, se ninguém procurá-los.

“É preciso haver uma solução, mas como sempre, alguém tem de admitir que há um problema para depois encontrarmos a solução”, reconheceu o juiz do condado de Brooks.

Enquanto não surge uma solução para a questão econômica e a falta de espaço no cemitério, a funerária acumula vários cadáveres e restos de cadáveres à espera de seu destino final.

Guardam os corpos em sacos pretos, enquanto os restos incompletos são guardados em sacos brancos.

“Para mim é muito difícil dizer a uma mãe ou a um pai, que temos apenas um braço ou somente uma perna”, afirmou Dina Elizondo, da Funerária Elizondo.

É muito importante dentro da cultura latina cumprir este processo para se chegar ao cadáver do ente querido. “Somos hispânicos e todos querem enterrar seus familiares, encontrá-los e tudo mais”, disse Dina Elizondo.

“Há pessoas que podem vir a este país, mas estes são os que tentaram chegar aqui e perderam suas vidas”, acrescentou Raúl Ramírez, juiz do condado de Brooks.

“Pagam muito caro, o deserto é bastante cruel e muita gente não pensa nisto”, concluiu Dina Elizondo.

Em um improvisado cemitério do sul do Texas jazem os que vieram em busca de um sonho que terminou em pesadelo.

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