Mesmo com a crise econômica e o desemprego, americanos não querem trabalhar no campo
Com a crise atingindo em cheio a economia americana, muitos antiimigrantes aproveitaram o momento para apontar suas armas contra os indocumentados, alegando que eles tiravam o emprego dos cidadãos. No entanto, uma iniciativa de um sindicato de trabalhadores agrícolas o Union Farmers Workers provou que os conservadores estavam errados.
Tudo começou quando a entidade sindical publicou anúncios oferecendo vagas de trabalho no campo e a ficha de aplicação deveria ser preenchida na Internet. A campanha ‘Take Our Jobs’ (algo como Fiquem com nossos empregos) recebeu mais de 8.600 inscrições, mas somente sete trabalhadores foram efetivamente para o campo, segundo o presidente da UFW, Arturo Rodriguez.
A grande maioria desistiu quando as condições de trabalho foram divulgadas: jornadas de oito horas por dia, muitas vezes sob sol de 40º C. Trabalho há mais de 22 anos e poucas vezes encontrei americanos neste tipo de serviço, revelou Benjamin Reynosa, dizendo que quem sabe inglês vai buscar uma vaga em um escritório.
Na Califórnia, o caso também foi emblemático: Ao todo, 1.160 empregos estavam à disposição de cidadãos ou residentes legais, mas somente 233 pessoas preencheram a aplicação, mesmo assim levados por um programa social de ajuda aos desempregados só sete eram americanos de nascença.
Esse fato me surpreendeu também, mas a informação sobre o emprego estava disponível ao público. Talvez muitos tenham desistido porque sabem do tipo de trabalho duro, admitiu Lucy Ruelas, que gerencia o departamento de apoio aos desempregados na Califórnia. Não custa lembrar que uma pessoa em cada oito residentes daquele estado está sem trabalho, no maior índice do país.
O fazendeiro Steve Fortin costuma pagar mais de 10 dólares a hora aos seus trabalhadores, que colhem morangos em sua propriedade de Nevada, próxima à fronteira com o México, mas simplesmente não consegue gente suficiente para o trabalho. Gastei mais de três mil dólares em anúncios, mas esta é uma atividade que os americanos simplesmente se recusam a fazer, resignou-se. Mais da metade dos trabalhadores agrícolas nos EUA são indocumentados.
