Genes com mutação são diferentes em cada tipo de câncer
Cientistas do Johns Hopkins Kimmel Cancer Center, dos Estados Unidos, anunciaram ter decifrado o código genético completo do câncer de mama e de cólon, o que pode abrir caminho para novos tratamentos.
O mapeamento genético mostra que quase 200 genes que sofreram mutação – a maioria deles desconhecida até o presente – contribuem para o surgimento, crescimento e espalhamento dos tumores.
Em artigo publicado na revista Science, os pesquisadores afirmam que a descoberta pode levar a maneiras mais eficazes para se diagnosticar o câncer em um estágio inicial, o que geralmente dá mais perspectivas de sucesso no tratamento.
Além disso, ela possibilita tratamentos personalizados.
‘Projeto genético’
Os cientistas dizem ainda que a descoberta sugere que o câncer é mais complexo do que a comunidade científica acreditava.
Os genes dos dois tipos de câncer estudados são praticamente distintos, o que sugere que cada um segue um caminho de desenvolvimento bastante diferente do outro.
Segundo os pesquisadores, cada tumor parece ter um “projeto” genético específico, o que poderia explicar por que cada câncer varia de pessoa para pessoa.
“Nenhum paciente é idêntico”, disse Victor Velculescu, um dos autores do estudo.
Agora, a equipe vai estudar como as mutações ocorrem, tanto no câncer de mama quanto no de cólon.
Descobertas anteriores a respeito da genética do câncer já haviam levado à estratégias de diagnóstico e tratamento precoces.
Um exemplo é a droga trastuzumabe, cujo nome comercial é Herceptin, que atinge um receptor em células do câncer de mama formado pelo gene HER2.
Personalização
Para Ed Yong, do Cancer Research UK, entidade britânica de pequisa do câncer, disse que o estudo americano é “muito importante”.
“A maioria dos genes identificados nesta pesquisa nunca haviam sido relacionados ao câncer antes”, afirmou.
“Esses genes podem oferecer uma base de investigação para cientistas que estão buscando novas maneiras de detectar e tratar a doença.”
“No futuro, espera-se que seja possível planejar métodos personalizados de prevenção ou tratamento, que atendam ao perfil genético de cada paciente”, disse Yong. “Estudos como este podem nos ajudar a atingir este objetivo.”