Histórico

Clauduarte Sá

Mensageiro do som da terra

Antonio Tozzi

Ouvir uma canção de Clauduarte Sá nos remete ao recôndito da vida interiorana brasileira. É como enlevar-se pelos cantos dos passarinhos, pelos sons do riacho que corre pela veia da mata, alimentado pela fonte de água pura. É sentir o gosto do café forte saído do bule esquentado no fogão a lenha e deitar-se na rede à sombra de um caramanchão.

Mesmo vivendo no mundo hi-tech da atualidade, Clauduarte Sá mantém a postura de violeiro e poeta do lirismo interiorano. Não este sertanejo-brega comercial que tomou conta das rádios, mas, sim, aquela música de raiz que nos faz tão bem.

O cantador, com 20 anos de EUA, mostra sua arte no Picanha’s Restaurante em Miami, às sextas-feiras e sábados, e no Café Mineiro, em Broward, às quartas-feiras e sábados. O repertório é composto basicamente por clássicos da MPB, interpretados de maneira peculiar por Clauduarte Sá, que também mostra suas próprias composições, gravadas nos discos “Clauduarte Sá” e “Bossa Rural”.

Formação clássica – O baiano de Itanhém deixou a cidadezinha tranquila do interior da Bahia e foi levando sua arte pelo Brasil até chegar a São Paulo, onde estudou violão clássico no Conservatório Musical Villa-Lobos. Hoje, ele dá aulas de violão clássico, violão popular e teoria musical em sua própria casa para aqueles que desejam aperfeiçoar os conhecimentos.

Entretanto, compor, cantar e produzir são suas paixões. Aliás, produzir discos para outros artistas tem sido uma de suas atividades mais prazerosas. “Produzi discos de Nem Galego, Jaiel Teixeira, Toco do Pandeiro, além de CDs do grupo de capoeira de Cléber e César”, contou. Ele produziu também discos de cantores evangélicos, comprovando sua versatilidade.

A exemplo dos artistas para os quais vem produzindo os discos, Clauduarte Sá tem um trabalho bem brasileiro, calcado no baião, no chorinho, no samba, no xaxado e em outros ritmos bem característicos.

Passeio pelo Brasil – Depois de muito tempo sem ir ao Brasil, o artista esteve no país durante quatro meses, no ano passado. Aproveitou para divulgar seus discos (trabalho, que ele próprio admite, não é feito como deveria) e também para tocar em algumas casas de shows de Belo Horizonte, São Paulo e Vitória, onde moram seus pais.

Visitou, ainda, a região onde nasceu na Bahia. Embora tenha gostado da experiência de voltar a pisar em solo conhecido que tanta saudade lhe trouxe, Clauduarte Sá confessou-se decepcionado com o que viu: “Infelizmente, a violência descontrolada, a devastação da natureza e o coronelismo que ainda impera naquelas paragens me desencantaram sobre a possibilidade de voltar a morar no Brasil. Pelo menos, por ora”.

Além de já estar adaptado ao sistema de vida americano, Clauduarte Sá tem outro motivo para ficar mais tempo vivendo na Flórida, local onde se radicou há 12 anos. Casado, com dois filhos (uma moça e um rapaz), ele vive o momento sublime do nascimento de sua primeira neta, Gabriela.

Fonte de inspiração – “A chegada da netinha me encheu de inspiração. Está acontecendo o mesmo fenômeno ocorrido na época em que meus filhos nasceram”, relembra o artista. “Naquela ocasião, fiquei tocando violão por uns dois dias direto.”

Aliás, não só tocando como também compondo músicas e poemas. A alma de Clauduarte Sá está leve com a chegada de “mais um anjo trazendo sua mensagem para a Terra”, conforme definiu a vinda de Gabriela, e ele pretende transmitir esta felicidade e estes bons fluidos para todos aqueles que o cercam.

Bom momento para os apreciadores de boa música desfrutarem deste momento mágico, acompanhando as apresentações do artista na comunidade.

Para quem quiser conferir os shows de Clauduarte Sá, pode ir para o Picanhas Grill (2286 NE 123rd Street North Miami Beach) às sextas-feiras e sábados, a partir das 8 horas da noite, ou no Café Mineiro (3499 W. Hillsboro Blvd.), às quartas-feiras à noite aos domingos num horário inusitado: das 3 às 7 horas da tarde.

Quem sabe se ao ouvir a melodia e a voz do artista, você não se sinta tentado a comprar um de seus discos. Autografados, é claro!


Gladiadores da Era Moderna:

Música: Clauduarte Sa
Letra: Antonio Tozzi

O ritual do piloto
Ao vestir o macacão
E colocar a balaclava
Calçar as luvas e entrar no cockpit
E pôr o capacete

Assemelha-se aos gladiadores
Que lutavam para entreter
Na Roma antiga
Nos teatros de arena

São os gladiadores
Da era moderna
The gladiators
Of a modern time
Que trocaram as espadas
Por máquinas possantes

Muitos gladiadores
Perdem sua vida na direção
So many gladiators
Loose their lives
On the racing track

Enquanto isso
A arena consagra
Um novo campeão
Meanhile
The arena celebrates
A new champion…

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