Histórico

Cresce campanha para erradicar o ódio

Coalizão para defesa dos direitos humanos nos EUA ganha mais adeptos

Conferência Líder em Direitos Civis (LCCR, por sua sigla em inglês), uma grande coalizão para a defesa dos direitos humanos nos Estados Unidos, se uniu à campanha para erradicar o ódio contra imigrantes e hispânicos. O presidente da LCCR, Wade Henderson, comunicou seu apoio à convocação feita pelo Conselho Nacional da Raça (NCLR, por sua sigla em inglês), que tenta abolir a terminologia racista nos debates imigratórios e meios de comunicação.

A LCCR assegurou que esta iniciativa não poderia surgir em melhor momento que durante a pré-campanha para a indicação presidencial americana, onde a imigração é um dos grandes focos de discussão. Neste sentido, Henderson aplaudiu as palavras da presidente do NCLR, Janet Murguía, que pediu aos diferentes candidatos eleitorais que se distanciem de grupos extremistas e abandonem a retórica de desprezo em relação ao coletivo imigrante e latino.

Murguía, além disto, condenou explicitamente aqueles candidatos que “se refugiam no tema da imigração para evitar tocar em outros temas comprometedores, tais como a guerra no Iraque e a economia”. O aspirante republicano à presidência, Mike Huckabee, recebeu uma menção especial por, segundo a presidente da NCLR, aceitar o respaldo de Jim Gilchrist, co-fundador do “Projeto Minuteman”, um grupo cujo objetivo é prevenir a imigração ilegal pela fronteira sul dos Estados Unidos.

Tampouco ficaram livres das críticas desta organização de defesa dos direitos civis dos hispânicos no país, alguns meios de comunicação acusados de dar voz e difundir a mensagem de “grupos promotores do ódio”. Entre os jornalistas citados figuram Lou Dobbs e Glenn Beck, do canal CNN, e Bill O’Reilly, da Fox, acusados de utilizar o debate imigratório para denegrir a comunidade hispânica.

Palavras equivocadas

Segundo Henderson, “as palavras importam” e a retórica empregada em vários meios de comunicação para se referir desrespeitosamente aos imigrantes e latinos contribui para projetar uma visão deste grupo como pessoas “perigosas, ameaçadoras, subumanas e inferiores”.

Como exemplo deste vocabulário, um estudo do Centro Legal da Pobreza do Sul (SPLC, por sua sigla em inglês) assinala os termos “exército de invasores”, “manada”, “enxame”, “horda” ou “força invasora”. E a pesquisa reflete como se acusa esta coletividade de “trazer criminalidade e enfermidades para os Estados Unidos, tais como lepra, tuberculose ou malária”.

“Uma onda de esperança”,/b>
Sob o lema “Uma onda de esperança”, La Raza lançou uma campanha com a intenção de educar a população americana quanto ao uso da linguagem, com a expectativa de diminuir a crescente onda de violência contra à comunidade hispânica. Em 2006, os 62,4 por cento dos 1.233 delitos de ódio cometidos nos Estados Unidos contra grupos étnicos tiveram como alvo os latinos, segundo dados do FBI.
Murguía catalogou a terminologia popular em código chave que atualmente é usado nos meios para se referir depreciativamente aos imigrantes e latinos como uma “ameaça ao estilo de vida americano”. La Raza também detalhou que a campanha para educar os americanos em relação ao uso da linguagem motivada pelo ódio busca diminuir a crescente onda de violência contra os latinos. “Para nossa comunidade o auge alcançado pela linguagem motivada pelo ódio e a violência gerada por ela são horripilantes”, disse Murguía. “Mas deveria ser horripilante para todos, não só para os latinos”, acrescentou.

A presidente do NCLR reconheceu que em último caso o poder para mudar a dinâmica deste debate está nas mãos da comunidade latina. “Nós compramos os produtos de companhias patrocinadoras destes programas noticiosos que perpetuam o ódio”, enfatizou. “Os latinos têm que votar nas primárias e nas eleições gerais. Temos um papel muito significativo nas eleições de novembro e precisamos deixar claro que aqueles que adotam ou patrocinam o ódio que o façam sob sua própria conta e risco”.

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