Histórico

Cresce o número de pessoas tentando atravessar crianças na fronteira

Crime pode ser punido com até dez anos de prisão

Os policiais que fazem a segurança nas fronteiras dos Estados Unidos prenderam, nos últimos quatro anos, mais de 230 pessoas que tentaram entrar ilegalmente no país levando com elas crianças e adolescentes menores de idade. O fato chama a atenção porque tal ato, além de ser considerado um crime contra os direitos humanos – já que os menores são submetidas a condições subumanas –, pode ensejar uma pena de 10 anos de prisão pelas autoridades de imigração.

Só nos primeiros seis meses deste ano, de acordo com as estatísticas oficiais, 34 indocumentados foram detidos na fronteira com o México tentando a travessia com crianças. “Este é um delito que tem acontecido com mais freqüência, disse Raquel Arellano, do escritório de imigração de Tucson, no estado do Arizona. Ela adverte os imigrantes, na maioria mexicanos, sobre as sérias conseqüências destes atos e ressalta que muitos deles – inclusive quem possui algum tipo de visto – se arriscam para levar menores de outras famílias em troca de pouco dinheiro.

Segundo depoimentos de alguns detidos, o preço pago a aqueles que se oferecem a levar as crianças para “o outro lado”, sem muitas vezes sequer conhecerem seus pais ou responsáveis, recebem entre 50 e 300 dólares. Este foi o caso de Jesús Leonardo García López, mexicano de Sonora, de apenas 18 anos. Em abril deste ano ele foi preso na fronteira com uma menina de quatro anos, filha de um vizinho, que já vive ilegalmente nos Estados Unidos.

O jovem disse que recebeu 50 dólares através de um intermediário e acabou detido porque a criança não parava de chorar, o que chamou a atenção dos policiais. Ele se declarou culpado por trazer um indocumentado por dinheiro e ter utilizado documentos falsos. “É um caso muito triste, pois um jovem vai passar mais de um ano na cadeia por causa de apenas 50 dólares”, disse Raymundo Panzarella, advogado de García López, ao final da audiência em um tribunal em Tucson. E acrescentou: “A mensagem é muito clara – não se arrisquem, não vale a pena”, afirmou o advogado.

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