Histórico

Criação do Itaú Unibanco deve provocar novas fusões

Instituições brasileiras seguem tendência mundial, mas sem atropelos

O nascimento do maior grupo financeiro do Hemisfério Sul, fruto da união dos bancos Itaú e Unibanco, vai provocar uma reorganização do sistema bancário brasileiro e da própria América Latina, e o primeiro sintoma visível do processo, segundo especialistas, será uma onda de fusões e aquisições. Embora a tendência já esteja consolidada no exterior – nos EUA, por exemplo, o Merrill Lynch foi adquirido pelo Bank of America, e na Alemanha, o Deutsche Bank se tornou o principal acionista do concorrente Postbank – como alternativa para que as instituições fujam dos efeitos da crise financeira global, o cenário no Brasil é diferente.

“Essa não foi uma fusão de emergência, como as que ocorreram nos EUA. Esse conglomerado vai concorrer lá fora”, avalia o operador Décio Pecequilo. O desencadeamento de processos de fusões e aquisições entre instituições latino-americanas, embora também tenha sido acelerado pela crise – o presidente-executivo do recém-criado Itaú/Unibanco, Roberto Setubal, disse que os abalos na economia mundial ajudaram a “amadurecer a idéia” – deve acontecer de forma independente à turbulência internacional, e não se restringirá à aquisição de bancos em dificuldades por parte dos gigantes do setor.

“Voltou a onda de fusões e aquisições. O Banco do Brasil sai na frente no caso da Nossa Caixa, mas, se esperar muito, vai pagar mais caro. E o Bradesco não vai querer ficar para trás, deve se movimentar e não vai demorar muito”, prevê o economista Rafael Moysés. A vantagem do Banco do Brasil, que já vinha negociando a compra do banco Nossa Caixa e do Banco de Brasília (BRB), além da incorporação do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) e do Banco do Estado do Piauí (BEP), seria a aprovação da Medida Provisória 443, que autoriza a compra de instituições financeiras pelo próprio BB e pela Caixa Econômica Federal.

Já o Bradesco, que também perdeu uma posição de liderança, só que no setor privado, deve partir para a aquisição de instituições financeiras de menor porte. Para Rafael Moysés, da Umuarama, o banco Votorantim – o nono maior do país, com ativos totais de R$ 73 bilhões – não está na mira do Bradesco, apesar dos comentários no mercado a respeito de negociações entre as duas instituições. “O alvo são bancos menores, cujos valores de ações caíram muito”, acredita Moysés.

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