Histórico

Crise mundial coloca em risco a Copa de 2014

Especialista em marketing esportivo alerta que será inviável a construção de novos estádios no Brasil

A crise financeira mundial já está afetando o futebol brasileiro. A desaceleração global, o congelamento do crédito e a redução de taxas de juros são prejudiciais a qualquer empresa, de qualquer ramo de negócios – o que dizer, então, de clubes que teimam em não implantar uma administração moderna e profissional, como acontece em outros mercados, como Itália, Inglaterra e Espanha. No Brasil, vários clubes, mesmo na primeira divisão, já estão com salários atrasados; outros tiveram crédito negado mesmo dando como garantia o dinheiro da cota da televisão; alguns poucos já anunciaram que vão se desfazer de suas principais estrelas, que vieram por empréstimo do exterior e têm seus passes fixados em dólar.

Ninguém nega que a bolha em que o futebol brasileiro se encontra, a mesma que está estourando no esporte europeu, está prestes a explodir também no nosso país, com dois agravantes: as organizações brasileiras ligadas ao maior esporte do planeta não estão no mesmo patamar de profissionalização dos europeus e, principalmente, o Brasil está se preparando para organizar uma Copa do Mundo. Com estádios a construir e obras bilionárias de infra-estrutura em pauta, um mercado em recessão e com crédito parado só pode ser mau sinal.
Se na Europa o Liverpool cancelou as obras de seu novo estádio e o Barcelona deu um tempo nos planos do novo Camp Nou, como o Brasil terá dinheiro para os dez ou 12 estádios para 2014?

Escassez de crédito

O especialista em marketing e gestão de clubes Amir Somoggi tem certeza que o futebol verde-amarelo vai sofrer. “No longo prazo, o que tem me preocupado é a questão dos estádios. Não sei se todos que estão sendo construídos usarão apenas verba proveniente do Brasil. Normalmente é mais barato pegar dinheiro fora e fazer investimento no país. Agora, com a escassez de crédito, teremos dificuldades para construir dez ou 12 estádios”, opina Somoggi.

Os danos imediatos também devem ser problemáticos. A venda de jogadores para o exterior, solução mágica dos clubes para fechar os balanços a cada temporada, já diminuíram na janela de transferências do meio do ano e devem cair ainda mais na abertura de fim do ano, que tradicionalmente já é mais fraca. “Como essa crise é muito abrangente e os clubes europeus não andam bem das pernas, nós tivemos um dos menores índices de jogadores vendidos para fora. Acho que tirando alguns times que não dependem do circuito legal para obtenção de recursos, os demais vão ter muitas dificuldades. Na verdade, o mercado deve encolher um pouco, pois ele vinha crescendo por conta da bolha financeira”, explica outro papa do assunto, o economista e diretor de planejamento do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo.

A crise pode diminuir, também, os valores de patrocínio. A maioria dos clubes brasileiros já negocia novos contratos para a temporada 2009 – justamente no momento em que as grandes empresas, nacionais e internacionais, decidem como lidar com a crise econômica.

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