Filho do pintor tenta reinaugurar megapainel na sede da ONU, em Manhattan (NY), mas sofre para captar verba
Público prestigia exibição de painéis de Guerra e Paz no Brasil; nos EUA
DA REDAÇÃO (com G1) – O díptico “Guerra e Paz” -obra emblemática do artista plástico Candido Portinari (1903 – 1962) e que consiste em dois grandes painéis com 140 metros quadrados cada- está na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Manhattan, em New York, escondida atrás de cortinas, afirmou ao portal G1 João Candido, filho do pintor de Brodowski (SP).
O evento de reinauguração da obra foi adiado três vezes este ano devido à dificuldade na captação de recursos. Os dois painéis que compõem “Guerra e Paz” produzidos por Portinari foram levados à sede da ONU em 1957.
João explica que o instituto precisa de R$ 6,5 milhões para viabilizar a reabertura da exposição em setembro. Porém, em razão da instabilidade financeira do Brasil e da falta de patrocinadores, a iniciativa corre o risco de não sair do papel. “Um momento aflitivo. Momento em que a gente se vê diante de uma possibilidade que seria trágica, que seria perder essa oportunidade histórica, única, de estar diante de 200 nações, proclamando, reafirmando nossa vocação pela paz, a cultura de paz que caracteriza o Brasil”, disse.
Os painéis foram retirados para uma reforma na sede da ONU em 2010 e passaram por São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro e Paris. De volta aos Estados Unidos em dezembro, os painéis foram remontados, mas permanecem encobertos por cortinas.
João explica que a ONU aceitou sediar um evento de reabertura, mas que este vem sendo adiado a pedido do próprio instituto que preserva a memória do pintor. “Entregamos os painéis em dezembro do ano passado e a ONU queria imediatamente inaugurá-los, mas achamos que essa inauguração merecia uma grande celebração em prol da paz, porque os painéis ‘Guerra e Paz’ são dois grandes embaixadores da missão da ONU”, afirma.
O evento, explica o filho de Portinari, foi orçado em R$ 6,5 milhões (incluindo um espetáculo teatral e intervenções artísticas em diferentes pontos de NY). Desse valor, João estima ter conseguido R$ 4,3 milhões por incentivo da Lei Rouanet. No entanto, a realização do evento ainda depende de mais R$ 2,2 milhões, ainda não angariados.
“Não estamos conseguindo captar. É a primeira vez que estamos enfrentando essa dificuldade. Está muito em cima da hora. Tem esse problema de as empresas estarem bastante na retranca. E estou tendo dificuldade de ter acesso ao governo federal que poderia nos ajudar junto às estatais”, reclamou o filho de Portinari.
“Eles não vão remarcar `o evento` de novo”, disse à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. Nesse caso, segundo a jornalista, os painéis seriam reinaugurados sem festa.