Histórico

Debate sobre imigração pega fogo na Flórida

Republicanos do estado sofrem pressão dos dois lados durante o recesso

A Flórida emergiu como um fator de destaque no debate de imigração nacional como o local onde se concentram os líderes dos grupos pró e anti-imigrantes e os republicanos indecisos que podem determinar o destino desta lei no Congresso Nacional depois que os parlamentares voltarem a Washington.

Em função disto, ativistas dos dois lados estão pressionando os legisladores do estado durante o recesso de verão, tentando influenciá-los através de comícios, protestos do lado de fora de seus escritórios eleitorais e de grande comparecimento em suas reuniões nas sedes das prefeituras.

“Vai ficar feia a coisa”, previu o deputado Mario Diaz-Balart, republicano que representa municípios dos condados de Miami-Dade e Broward. “Mas estou cautelosamente otimista de que conseguiremos fazer alguma coisa”, completou.

Depois de o senador republicano Marco Rubio, da Flórida, ter ajudado a persuadir o Senado a aprovar um projeto de lei de reforma imigratória abrangente votado em junho, Diaz-Balart está tentando desempenhar o mesmo papel no momento em que o debate segue para a Câmara de Deputados, com perfil mais conservador.

Tanto Rubio como Diaz-Balart enfrentam críticas severas dos opositores das medidas que podem beneficiar milhões de imigrantes ilegais, inclusive os 825 mil deles que supostamente vivem na Flórida, dando a eles a oportunidade de conseguir os papéis para se legalizarem e, depois de um processo de 13 anos, se tornarem cidadãos.

Os republicanos agora têm uma maioria de 33 membros na Casa. Para o projeto de lei ser aprovado, seria necessário obter o apoio de pelo menos 17 republicanos, considerando-se que todos os 200 democratas votem a favor do projeto de lei. Além de Diaz-Balart, seis outros republicanos podem ser persuadidos a apoiar os imigrantes indocumentados.

Vários deles inclusive Tom Rooney, de Okeechobee, Dennis Ross de Lakeland e Gus Bilirakis de Palm Harbor enfrentam uma artilharia de táticas de pressão durante o recesso. Os outros dois, Ileana Ros-Lehtinen de Miami e Bill Young de Indian Shores, são considerados como votos prováveis a favor do projeto de lei.

Um sexto, Dan Webster de Winter Garden, deu indícios de que deve apoiar um caminho para a cidadania desde que seja cumprida uma série de condições, começando pelo estabelecimento de uma segurança mais efetiva nas fronteiras. Webster quer ainda dar poder às autoridades do estado e dos municípios da Flórida para ajudar a cumprir a nova lei de imigração, uma exigência combatida fortemente pelos propositores da reforma.

Opositores também se mobilizam

De qualquer forma a decisão de Webster foi um sinal encorajador para aqueles que apóiam as medidas de reforma, e uma frustração para aqueles que veem a legalização como uma “anistia”.

“Não quero recompensar o comportamento ilegal. Isto não é uma coisa certa para o país fazer”, afirmou Keith Wilson, um ativista do tea-party em DeLand, que pretende reunir-se com Ron DeSantis, de Ponte Vedra Beach, para conversar sobre imigração e outros assuntos. “Se pegarmos estas pessoas e darmos a elas os benefícios completos dos cidadãos americanos sem qualquer restrição, não sei se nosso país poderá suportar isto”.

Os opositores, que já fizeram demonstrações do lado de fora dos escritórios de Rubio e Diaz-Balart no Doral, estão planejando comícios no dia 7 de setembro em Jacksonville, Tallahassee, Gainesville, Miami, Fort Lauderdale, St. Petersburg e Orlando.

“Serão comícios representativos com milhares de simpatizantes, ao contrário das 50 ou 100 pessoas que vão aos nossos comícios” disse Richard Freer, co-presidente dos Floridianos Contra a Anistia, baseada em Kendall. “Finalmente, o pessoal do Congresso terá a chance de ver nosso verdadeiro sentimento sobre anistia”.

Os advogados dos imigrantes, por sua vez, inundaram de anúncios as rádios de língua espanhola na Flórida Central para pressionar Webster e os outros a apoiar uma medida de reforma similar ao projeto de lei aprovado pelo Senado.

“Há meses estamos contatando os eleitores em seus distritos, e eles estão ouvindo os empresários, de turismo a agricultura, que apóiam a reforma”, disse Kathy Bird, líder da organização Coalizão de Imigrantes da Flórida, baseada em Miami. “Lotaremos as reuniões nas prefeituras para termos a certeza de que nossas vozes sejam ouvidas. Nós não precisamos apenas de votos, precisamos de lideranças. Precisamos que os líderes da Câmara dos Deputados coloquem em plenário o projeto de lei para votação”, finalizou.

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