Histórico

Denise Capela

A chef brasileira Denise Capela coordena um setor de um dos restaurantes mais conceituados de Miami

A artista da comunidade desta edição não é alguém ligada à música ou às artes plásticas. Ao contrário das canções e telas ou esculturas, eternizadas pelos seus criadores, as ‘obras’ produzidas por Denise Capela, na verdade, são efêmeras: afinal, ninguém consegue resistir muito tempo só apreciando o design e a beleza dos pratos preparados pela chef brasileira do Hotel Ritz-Carlton, em Coconute Groove. Como responsável pelo setor de ‘garde-manger’ (cozinha fria – saladas e sanduíches, por exemplo), ela vem construindo uma carreira sólida, apesar do pouco tempo de atuação. Num ambiente competitivo e predominantemente masculino, Denise tem se destacado por sua criatividade e disciplina.

A carioca sempre gostou de cozinhar, mas simplesmente como um hobby em sua vida, tomada por várias atividades: formada em sociologia, ela foi professora, pesquisadora e sempre se dedicou muito às filhas, principalmente quando a família se mudou para Brasília. “Gostava de ler sobre gastronomia e arriscava umas novidades na cozinha de vez em quando”, lembra Denise, que pensava em abraçar a culinária somente depois de se aposentar.

Mas tudo começou a mudar quando o marido – Douglas Capela, gerente da agência do Banco do Brasil em Miami – foi transferido para os Estados Unidos. Certo dia no ano de 2005, Denise ouviu um anúncio no rádio sobre a Le Cordon Bleu College of Culinary Arts e decidiu resgatar o velho desejo de assumir o que era simplesmente um hobby numa escala mais profissional. “Tive a certeza quando meu coração bateu mais forte na visita às instalações da escola-cozinha e conheci o programa do curso”, recorda a brasileira, que mesmo assim preferiu não criar muitas expectativas em relação ao futuro.

O sonho ganhou força depois que ela se formou com honras na Cordon Bleu e foi chamada para um estágio remunerado no restaurante Azul, de outro hotel cinco estrelas, o Mandarin, também em Miami. Hoje, no Ritz-Carlton, ela desfruta de um prestígio que poucas mulheres conseguem obter, num curto espaço de tempo. “Além de ter demonstrado humildade e amor à cozinha, acho que me dei bem porque brasileiro tem a cabeça aberta e está costumado com esta mistura de culturas que caracteriza o sul da Flórida”, justifica Denise. Ela diz que não se sente obrigada a dar um toque de brasilidade em cada prato que prepara, mas confessa que às vezes recorre a alguns produtos típicos de nosso país em suas criações – a salada de frutas tropicais e o carpaccio de palmito (que vem da mata atlântica) são dois exemplos.

E o status de celebridade que os chefs adquiriram depois de filmes em Hollywood e com as dezenas de reality shows na televisão? Denise ri quando fala sobre o glamour e a tensão retratada pela mídia. “Somente na velha cozinha há um chef temperamental. Apesar de ser um ambiente que exige respostas rápidas aos desafios, a nova cozinha exalta a união e a alegria do grupo”, conta a carioca, que admira o trabalho do chef brasileiro Alex Atala, cujo restaurante D.O.M. figura entre os 50 melhores do mundo segundo a prestigiada revista britânica “Restaurant”.

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