Histórico

Deserto de Sonora, cemitério de imigrantes

Autoridades americanas preocupam-se com o aumento no número de mortes na travessia pelo deserto

As autoridades americanas advertiram sobre uma alta no número de pessoas resgatadas no deserto e todas encontravam-se em péssimas condições, à beira da morte. Eles temem que no verão a situação piore na fronteira entre México e Estados Unidos.

Os 193 cadáveres encontrados em 2011 no deserto de Sonora deixam claro que a travessia da fronteira pelo Arizona continua sendo o corredor da morte para os indocumentados. Esta zona desértica se converteu em um cemitério de imigrantes anônimos, pois sete de cada 10 cadáveres localizados jamais são identificados.

Neste mesmo período, de 1º de outubro de 2010 a 30 de setembro de 2011, a Patrulha Fronteiriça conseguiu resgatar 514 pessoas que arriscavam a vida neste trecho da fronteira.

Por isto, a Patrulha Fronteiriça iniciou uma campanha chamada Fronteira Segura, que através dos meios de comunicação tenta chegar às comunidades de Los Angeles, Phoenix, Seattle, Chicago e Atlanta os cinco principais destinos dos imigrantes que cruzam pelo chamado corredor da morte.

A ideia é que aqueles que já estão aqui avisem seus familiares no México que já não é tão fácil cruzar a fronteira como há cinco ou dez anos, quando a travessia era mais fácil. Hoje, a fronteira está mais vigiada, com mais de 5,4 mil agentes. Antes, tínhamos menos de três mil, e agora a tecnologia é muito melhor, disse um dos agentes da Border Patrol, a patrulha fronteiriça.

As autoridades também afirmam que muitos coiotes sequestram os imigrantes e os mantêm por meses em casas de segurança, à espera de que seus familiares no México ou nos Estados Unidos paguem o resgate. Não sei porque dizem casas de segurança. Para mim, são casas de terror, porque quando vamos a estes lugares encontramos os imigrantes amarrados e todos juntos em um quarto sendo abusados fisicamente, disse o agente.

Durante dois meses, a patrulha fronteiriça entrevistou todos os imigrantes detidos e constatou que a maioria vem mesmo do México, sobretudo de cinco estados: Oaxaca, Puebla, Guerrero, Sonora e Estado de México.

Diminui a travessia de ilegais

As autoridades não querem baixar a guarda apesar da travessia ilegal por esta zona também ter diminuído, segundo indica o número de detenções: 129 mil no ano fiscal 2011, em comparação com 219 mil em 2010, uma redução de 41%. No entanto, este ano estima-se um aumento na travessia, já que nos primeiros três meses foram registrados mais de 40 mil prisões de imigrantes. Nós não podemos convencê-los de não vir para os Estados Unidos em busca do sonho americano, mas se vierem não venham pelo Arizona, porque é a área mais perigosa, disse o agente.

O agente da patrulha fronteiriça estimou que para cada cadáver de imigrante encontrado, há muitos mais desaparecidos, neste vasto deserto que se estende por 400 quilômetros de leste a oeste e 100 quilômetros de norte a sul, onde no verão as temperaturas beiram os 50ºC (120º Fahrenheit).

É um terreno muito difícil para trabalharmos, porque não há muitos caminhos. Não podemos percorrer toda a área que é usada pelos ‘coiotes’.

Quando alguém morre, é muito provável que não possa ser encontrado, admitiu o agente. Quando alguém está desidratado, procura sombra na vegetação e entra em córregos, sendo assim muito difícil encontrá-los. Além do mais, há a possibilidade dos cadáveres serem devorados pelos animais do deserto.

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