Histórico

Dilma Rousseff visita os Estados Unidos

Presidente do Brasil vem aos EUA para debater questões econômicas, enérgeticas e de meio ambiente que afetam os dois países

A visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos dura dois dias, 9 e 10 de abril, mas os assuntos em pauta ainda renderão pelos próximos dez anos. Ela e o presidente Barack Obama discutirão a crise econômica internacional, a Conferência Rio+20 e o Programa Ciência sem Fronteiras. Todos dependem de uma parceria muito afinada para minimizar os efeitos da crise internacional. Dilma deixou claro que será preciso incluir todos os países para que a questão seja resolvida da maneira mais democrática possível. Espera-se que a presidente do Brasil destaque nas conversas com Obama o uso de energia renovável e biocombustíveis. Segundo fontes do governo brasileiro, Dilma não deve mencionar as decisões protecionistas adotadas pelos americanos, deixando que o assunto seja resolvido nas instâncias específicas.

A Conferência da Rio+20, programada para junho no Brasil, ainda precisa de ajustes para que o texto base saia do campo das ideias nos dois países, conforme ressaltou a secretária do meio ambiente do Reino Unido, Caroline Spelman. “É preciso descobrir uma forma nova que vá além do PIB, que leve em conta não apenas o crescimento mas também o impacto do crescimento. Esta reunião tem de ser uma reunião de trabalho e não mais de debates”, pontua. Há uma inquietação, segundo ela, por parte das lideranças ambientalistas, por conta dessa falta de ação do documento.

Sergio Trindade, ex-secretário geral adjunto das Nações Unidas para Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento (1986-1991) que mora nos EUA há 26 anos e trabalha com uma variedade de projetos, muitos deles ligados à mudança climática, biocombustíveis e desenvolvimento sustentável, afirmou que o potencial tanto do Brasil quanto dos EUA em desenvolver políticas efetivas para melhorar as condições climáticas são maiores do que se tem posto em prática. “Em foros internacionais de mudança climática, meio ambiente e sustentabilidade, o Brasil ocupa posição destacada. Entretanto, parece que, como nos demais assuntos, as posições brasileiras ficam aquém de seu potencial, em especial, por não refletirem as vozes de um leque mais amplo dos segmentos organizados da sociedade”, ressalta Sérgio.

O ex-secretário visualiza dois temas que polarizam a discussão com os EUA e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que agrupa os países mais industrializados da economia de mercado. Um deles é a criação de um fundo especial (custeado pelos países integrantes da OCDE) para apoiar países em desenvolvimento a se adaptarem à mudança climática. O outro refere-se à questão do acesso a essas tecnologias.

Trindade acredita, ainda, que ambos os lados da discussão têm posições muito rígidas, “mas como no caso do acordo continuador do protocolo de Quioto ” no qual se esboça um enfoque mais flexível ” é possível conseguir uma aproximação das partes, sobretudo nos casos do fundo especial e do acesso à tecnologia,”, analisa Sérgio.

Ele também recebeu o Prêmio Nobel da Paz 2007, dividido entre Al Gore e o Comitê Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), do qual é membro.

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