Histórico

Dinheiro no colchão

Por medo da imigração, indocumentados costumam guardar suas economias bem longe das instituições financeiras

Se você é daqueles que guarda seu suado dinheiro debaixo do colchão, saiba que não está sozinho. Uma matéria do jornal Sun-Sentinel mostra que uma boa parcela dos imigrantes aplica suas economias bem distante do sistema financeiro: “Entulhado em uma meia, no meio das roupas limpas ou no fundo da gaveta. Os imigrantes indocumentados utilizam diferentes lugares e formas para armazenar o dinheiro e, surpreendentemente, poucos costumam usar os bancos”, afirma na matéria a jornalista Ruth Morris. Ela lembra ainda que muitos enviam seus rendimentos para o país de origem.

Uma das razões para tal tendência são as péssimas experiências do passado. “Muitos imigrantes vêm de países onde o sistema bancário não é tão seguro”, ressalta a economista Anna Paulson, da filial de Chicago do Federal Reserve Bank (o banco central norte-americano). Mas não há como negar que o medo de aparecer para as autoridades de imigração ainda é a principal preocupação dos indocumentados. Muitos deles consideram que a aquisição de cheques ou cartões de crédito podem ser a senha para a deportação.

Além de aumentar o risco de roubo, o fato da comunidade estrangeira guardar dinheiro em casa pode gerar ainda outros problemas. No texto do Sun-Sentinel há um alerta para quem pensa em juntar as economias e levar de volta ao país e o caso do guatemalteco Pedro Zapeta é emblemático: durante dez anos ele juntou suas economias – fruto do trabalho duro de lavador de pratos – e pretendia voltar para o seu país natal com os 49 mil dólares na mala. No aeroporto de Fort Lauderdale ele foi detido pelos agentes da alfândega, que confiscaram o dinheiro não declarado. “Como estava ilegal na América, tinha medo de ser preso a qualquer momento e perder meu dinheiro”, justificou Zapeta.

“Estas questões ajudam a chamar a atenção para a situação dos indocumentados na América. Algo precisa ser feito urgentemente”, defende Carlos Rivera, de uma entidade de apoio aos imigrantes. Como não existe qualquer lei que exija documentação acerca do status imigratório de quem deseja abrir uma conta bancária, as instituições financeiras têm procurado atrair clientes nessa situação. No entanto, a iniciativa não é apoiada por todos e alguns mais conservadores acreditam que as autoridades deveriam reduzir os incentivos para os imigrantes como forma de segurança nacional.

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