Histórico

Doha corre risco de ser adiada por vários anos, dizem EUA

Segundo Susan Schwab, alguns países torcem pelo fracasso da rodada

Agência Estado
A conclusão da Rodada Doha de negociações comerciais globais pode ser adiada por vários anos se não houver acordo até o final de 2007, disseram os Estados Unidos nesta quinta-feira, 5, elevando o tom das críticas a Brasil e Índia pelo fracasso das discussões.

No final de junho, Estados Unidos, União Européia, Brasil e Índia realizaram uma reunião na Alemanha na qual tentaram – sem sucesso – abrir caminho para uma solução na Rodada Doha.

Acusando Brasil e Índia pelo colapso do encontro de Potsdam (Alemanha), a representante comercial dos EUA, Susan Schwab, afirmou que alguns países torcem pelo fracasso da Rodada Doha e que agora é crucial que haja algum avanço antes de 2008.

“Acho que há uma sensação de que, se não sair neste ano, Doha pode passar os próximos vários anos em hibernação”, afirmou ela a jornalistas que acompanham uma conferência comercial em Cairns, Austrália.

“Há alguns países que realmente não querem um resultado da Rodada Doha. Acho isso lamentável”, disse Schwab, sem citar especificamente Brasil ou Índia, mas afirmando que os EUA se surpreenderam com o comportamento “rígido e inflexível” desses dois países em Potsdam.

A Rodada Doha foi lançada há quase seis anos com o objetivo declarado de abrir os mercados mundiais para promover o crescimento e tirar milhões de pessoas da pobreza. Seus quatro principais participantes não chegaram a um acordo a respeito da abertura de mercados em grandes países em desenvolvimento e da redução de subsídios e tarifas agrícolas nos EUA e na UE.

Schwab está na Austrália para uma reunião de ministros dos 21 países do fórum Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), que divulgaram nota manifestando firme apoio à Rodada Doha.

Eles disseram que os novos textos-base para negociações, que agora estão sendo redigidos na sede da OMC, em Genebra, precisam ser ambiciosos e equilibrados. Os países prometeram “demonstrar a vontade política e a flexibilidade necessárias, e convocar outros membros da OMC a fazer o mesmo.”

A Apec representa 60% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e cerca de metade do comércio mundial. A Índia quer aderir ao bloco a partir do final deste ano, quando termina uma restrição de dez anos sem novos membros. A expansão deve ser discutida na cúpula da Apec em setembro, em Sydney.

Sem comentar diretamente as chances de adesão da Índia, Schwab afirmou que a Apec precisa de países que demonstrem liderança e intenção de avançar em questões comerciais.

“É muito difícil fazer o tipo de progresso que a Apec fez ao longo dos anos se você tem uma ou mais economias que precisam ser arrastadas, chutando e gritando pelo caminho, em vez de estarem de cabeça erguida e inclinadas para o avanço”, afirmou.

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