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Em Portugal, brasileiros buscam ajuda para voltar para casa

Organização Internacional para as Migrações recebe cada vez mais pedidos, mas não pode atender a todos

Com a crise também afetando a Zona do Euro, muitos brasileiros daquele continente estão planejando o retorno à terra natal. No entanto, a maioria não tem sequer dinheiro para comprar as passagens aéreas e, por isso, a saída é recorrer aos chamados programas de retorno voluntário, como o da Organização Internacional para as Migrações (OIM), em Portugal.

Este é o caso dos brasileiros Ivone e Leonan Silva: ele, mestre de capoeira, chegou a Lisboa há oito anos, fugindo dos problemas no seu país, entre eles a violência que matou seu filho. No início, tudo correu às mil maravilhas, com muitas ofertas de emprego e até a renovação do visto de residência por mais 12 meses. Não pensou duas vezes e providenciou a ida da mulher, Ivone, que trabalhava como cabeleireira no Brasil. Hoje os dois não têm emprego fixo e sobrevivem de biscates e faxinas esporádicas, sem qualquer estabilidade.

Querem voltar ao Brasil, mas não conseguem dinheiro nem para comprar a passagem aérea (one way). “Decidimos que é hora do retorno e estamos esperançosos de obter a ajuda para isso”, disse uma conformada Ivone, referindo-se à OIM. Eles têm uma reunião agendada com representantes da entidade, mas não sabem se vão alcançar o objetivo.

Segundo Luís Carrasquinho, o responsável pelo programa de retorno voluntário, muitas outras famílias de imigrantes, brasileiros principalmente, recorrem à Organização para deixar Portugal. No entanto, menos de 50% dos casos são concretizados: em 2009, por exemplo, foram mais de 900 pedidos de ajuda e somente 381 puderam ser atendidos por questões burocráticas e verba disponível. Além da passagem, os imigrantes recebem um subsídio para poderem se reinstalar no país de origem, num valor que é decidido caso a caso. “Os pedidos quase dobraram em relação ao ano anterior”, justificou Carrasquinho.

Ele ressalta que atualmente as adesões ao programa são feitas por famílias inteiras, enquanto que em anos anteriores os pedidos eram sobretudo individuais. “O aumento de agregados familiares está relacionada ao fato de que não se tratam de estrangeiros em fase inicial da imigração, mas pessoas que vivem há muito tempo, com cônjuge e filhos”, analisa o representante da OIM

E Ivone dá o tom de quem está de malas prontas para voltar ao país, depois de uma experiência de altos e baixos num país estrangeiro: “Cumprimos o nosso objetivo aqui e estamos com saudades do resto da família que ficou lá. Estamos preparados para regressar, mas nossa esperança é que o Brasil esteja realmente melhor do que quando viemos para cá”, torce a brasileira.

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