Agência americana faz investigação paralela, mas conclusão formal será feita no Brasil; advogado dos pilotos diz que erro deveria ser alertado por controladores
Uma investigação promovida por autoridades dos Estados Unidos considerou que a colisão entre o Boeing da Gol e o jato Legacy da ExcelAire, que deixou 154 mortos no dia 29 de setembro de 2006, foi causada em parte pelo fato de sistemas de segurança da cabine do jatinho não terem alertado a tripulação que o equipamento anticolisão estava com problemas.
De acordo com informações do jornal The New York Times, a Agência Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA não divulgou uma conclusão formal sobre o acidente, mas recomendou que a Administração Federal de Aviação americana passe a exigir que tais sistemas “ofereçam um aviso sonoro e visual” para advertir o piloto que eles não estão funcionando propriamente.
A agência também recomendou que os pilotos americanos de jatos civis sejam informados sobre as circunstâncias do acidente e a atual “falta de avisos claros” se o sistema deixar de funcionar.
A agência americana está envolvida na investigação porque o Boeing é de fabricação dos EUA e o Legacy, construído pela Embraer, estava sendo levado para entrega no país. A agência não emitirá uma conclusão formal já que, por tratados internacionais, a tarefa cabe aos investigadores brasileiros.
O sistema de segurança em foco envolve um aparelho chamado transponder, um sistema automático de rádio que emite um sinal dando a identidade e altitude do avião. Isso é feito em resposta a questionamentos em terra ou de outro avião. Mas o transponder do Legacy estava funcionando apenas intermitentemente, inibindo sua capacidade de emitir e receber sinais, segundo a agência americana.
O advogado dos pilotos do Legacy, os americanos Joseph Lepore e Jan Paladino, emitiu um comunicado afirmando que o sistema pode não ter dado nenhuma indicação que estava com problemas. No comunicado, emitido em conjunto com a ExcelAire, também diz que os controladores de tráfego aéreo brasileiros deveriam ter percebido a falha do equipamento e que foram eles que ordenaram que os dois aviões entrassem na rota que levou à colisão.