Os Estados Unidos classificaram os testes nucleares anunciados pela Coréia do Norte como uma “ameaça inaceitável” para a paz mundial e afirmaram ver essa ação como uma contribuição para o isolamento de Pyongyang. O governo americano também fez um apelo a seus aliados para que trabalhem em conjunto para desencorajar a ação.
“Uma provocação desta natureza iria apenas isolar ainda mais o regime norte-coreano e negar às pessoas da Coréia do Norte os benefícios que elas merecem”, afirmou o porta-voz do departamento de Estado americano Sean McCormack. Segundo ele, o teste “representaria uma ameaça inaceitável para a paz e estabilidade da Ásia e do mundo”.
Em agosto, os serviços secretos americano e sul-coreano já haviam revelado indícios sobre a realização de um possível teste nuclear para aumentar a força dissuasória norte-coreana.
Os comentários foram feitos em resposta ao anúncio feito nesta terça (3) pelo país asiático de que pretende conduzir testes nucleares. A Coréia do Norte afirmou que o teste era necessário devido à “extrema ameaça de guerra nuclear dos EUA”. Não há previsão de quando o experimento deverá ocorrer.
A notícia aumentou ainda mais o clima de tensão entre Pyongyang e Washington. O governo japonês também repudiou o anúncio, dizendo que qualquer teste nuclear norte-coreano é inaceitável e que a comunidade internacional responderá severamente.
No último dia 21, a Coréia do Sul anunciou a fabricação de um míssil de cruzeiro capaz de atingir alvos militares nas regiões mais distantes da Coréia do Norte. Segundo o jornal “JoongAng Ilbo”, que citava uma fonte anônima do Ministério da Defesa, o míssil Cheon Ryong tem um alcance de 500 km.
Provocação
A Coréia do Norte alarmou a comunidade internacional em julho deste ano ao testar o lançamento de sete mísseis, incluindo um com capacidade para alcançar os EUA.
Para o ex-secretário de Estado assistente Robert Einhorn as ameaças da Coréia do Norte devem ser levadas a sério. “Eles não blefam. Isso é o reflexo de sua frustração, de que as provocações anteriores não tiveram o desejado efeito de fazer os EUA falarem com eles bilateralmente ou fazer concessões”, disse o americano.
Os EUA se recusam a falar com a Coréia do Norte fora do grupo que iniciou as discussões sobre o desarmamento do país, do qual também fazem parte Coréia do Sul, Japão, China e Rússia. Pyongyang, por sua vez, se recusa a retomar as negociações devido às restrições financeiras impostas pelos americanos. As restrições foram implantadas por supostas atividades ilegais norte-coreanas, como lavagem de dinheiro e falsificações.
Einhorn disse que, caso o teste nuclear seja feito, os EUA esperam conseguir a ajuda da Coréia do Sul e da China –maiores defensores de Pyongyang no grupo– para impor sanções ainda mais duras à Coréia do Norte.
“Eixo do mal”
Coréia do Norte, Irã e Iraque foram classificados pelo presidente George W. Bush, em janeiro de 2002, como “eixos do mal”. À época, Bush também advertiu que estes países poderiam ser alvos da guerra antiterrorista se continuassem produzindo armas de destruição em massa e apoiando o terrorismo. Desde a deposição do ditador Saddam Hussein após a invasão dos EUA ao Iraque, em março de 2003, nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada em território iraquiano.
O presidente Bush rejeitou a proposta feita pela Coréia do Norte de congelar o seu programa nuclear em troca de ajuda na área energética e da retirada do país da lista de Estados que apóiam o terrorismo. Segundo Bush, o objetivo dos EUA não é o congelamento, mas sim o desmantelamento do programa norte-coreano.