Histórico

Europa teme acréscimo dramático de imigração ilegal

ONU alerta que proibir e mandar para a casa os indocumentados não resolve o problema

O boom do setor de construções dos últimos anos na Espanha atraiu centenas de milhares de africanos ao país. Muitos desses operários foram os primeiros a ser descartados em conseqüência da recente estagnação do mercado imobiliário espanhol. O país que recebeu 1 milhão de imigrantes em 2007 agora se confronta com uma taxa de desemprego de 11,3%, uma das mais elevadas da zona do euro. O fato levou o governo a cerrar portas a futuros candidatos, através de leis voltadas a cortar vistos de trabalho e limitar os vistos por reunião familiar. Além disso, Madri oferece dinheiro aos estrangeiros desempregados para que voltem para casa.

A Espanha não é a única perplexa diante do problema do trabalho migrante. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) calcula que, até o final do próximo ano, 20 milhões de vagas serão cortadas em todo o mundo, e diversas nações européias já consideram medidas para restringir a imigração. O Reino Unido é uma delas. “Se as pessoas estão ficando desempregadas, a questão da imigração se torna extremamente espinhosa”, explica o ministro da Imigração da Inglaterra Phil Woolas. Nos últimos quatro anos, numerosos trabalhadores dos novos países-membros da UE escolheram o Reino Unido, porém muitos estão retornando a seu país de origem, à medida que o impacto da crise global se agrava. Paralelamente, o governo britânico estuda uma reforma da legislação migratória, incluindo um sistema de pontos semelhante ao adotado na Austrália, com o fim de facilitar o ingresso de mão-de-obra altamente especializada, filtrando os candidatos menos interessantes para o país.

Contudo, a Organização das Nações Unidas adverte: simplesmente mandar trabalhadores para casa não resolve a situação. Tal medida teria como o único efeito reduzir o número dos imigrantes legais, incentivando a clandestinidade. Segundo Peter Sutherland, representante especial do secretário geral da ONU para assuntos migratórios, o mundo tem visto quão ineficientes são as medidas paliativas. “Migrantes migram. Eles encontrarão um jeito, de uma forma ou de outra”, afirmou. Para enfrentar a situação, a ONU elaborou uma iniciativa de 15 milhões de euros, destinada a proteger os migrantes durante a atual crise econômica.
Estima-se em 40 milhões o número de migrantes no mundo inteiro, 25% ilegais.

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